quinta-feira, março 03, 2005

Limites

Tal como a tolerância encontra o seu meio termo entre o indiferentismo e o absolutismo, arriscaria defender que também a melhor forma de um professor educar/formar/ensinar, oscila entre estes dois princípios.
Digo a melhor forma - num plano ideal, porque há limites (num plano real) que um professor sabe que não deve, nem pode passar. Este meio termo que deveria ser procurado, muito poucas vezes o é. Poucos professores têm uma verdadeira preocupação pelos alunos e se entregam à causa dispendendo do seu próprio tempo. Mesmo dentro das aulas, e é aqui que quero chegar, poucos se preocupam em fazer mais do que desbobinar matéria. A verdade é que não se pede mais do que isso, mas se se quer formar verdadeiramente jovens para uma profissão e para a vida, a atitude a tomar não pode ser esta.
Tempos em que as pessoas vinham bem preparadas de casa já fazem parte do passado, fruto dos condicionalismos da época - agora o processo actual é outro, de constante informação e de pouca base.

17 comentários:

«« disse...

A Sra. Dra. Filosofa está se baseando em sensações... do senso (e não censo) comum. Temo que muito do bom que se faz nas Escolas não seja nem do seu nem do conhecimento da maioria da população, porque infelizmente só interessa publicar (na C.S.) os aspectos mórbidos, e, obviamente, que tanto aqui como em todo ramo de actividade existem quem trabalhe mal e quem trabalhe bem. A minha experiencia de cerca de 15 anos de actividade diz-me que a maioria dos professores são competentes e têm expirito de missão. Por estas e por outras é que luto, no sentido de se "obrigar" a dar a notoriedade devida às coisas boas que são feitas numa Escola, que apesar de ter muito a melhorar, na maioria dos casos é servida por excelentes "profissionais", e disso os que sabem, raramente falam, pois preferem alimentar a atracção mórbida pelo o negativismo (que sei que não é o seu caso).

RD disse...

Sem tendências caro Miguel, mas é normal que na sua óptica defenda o papel do prof.
Quantos professores não teve que mal sabiam o seu nome (escola e faculdade)? Pois se calhar poucos, porque tb é de uma ilha. Eu sei que há uma percentagem mal reconhecida, e dentro dela tenho bastantes amigos com o tal espírito de missão. O que não quer dizer que tenham uma preparação moral que possam transmitir em condições.

Anónimo disse...

Quanto a mim, e não sendo professor mas conhecendo de perto a realidade, sou muito céptico. O Miguel Sousa tem razão quando diz que em todos os saberes há bons e maus profissionais. Correcto. Já não concordo é que a maioria dos nossos professores sejam excelentes profissionais. Esta asserção não só deriva da minha experiência enquanto recente ex-aluno universitário, (apesar de reconhecer que a este nível, a qualidade da docência é bem melhor que no secundário e por aí abaixo) como também da confirmação, junto de colegas meus professores, da total falta de formação, aptidão, e sentido de responsabilidade para o exercício de tão nobre profissão que é ensinar e, principalmente, moldar caracteres.

Gostava de ser mais optimista. Infelizmente, não sou.

«« disse...

Mais um vez sinto que estão me julgando sem me conhecerm o suficiente, pois quem me conhece sabe que de corporativista tenho muito pouco, quanto ao facto da qualidade dos professores do Ensino superior ser melhor das do ensino não superior, gostava saber que objecto de medida serviu para fazer essa comparação. desculpem lá mas acho que ambos andam a falar demasiado "por cima do joelho" com afirmações que colocam em causa TODA uma classe, sem a mínima preocupação de fazer a separação do trigo e do joio...

RD disse...

Caro Miguel, a conversa não é pessoal e para fazermos uma distinção entre o trigo e o jóio, teríamos que analisar caso a caso, o que me parece impossível em qualquer assunto, e principalmente neste. Tal como o PJG, sou céptica porque vivo essa realidade a meio. Vejo bons profs e maus profs em todo o lado, nunca apontei casos pontuais, e bem sei que se diz que quem está fora cheira patos.
O meu post era no sentido de haver uma passagem ou formação de valores aos alunos, o que se entenda que até um bom professor não o saiba fazer e um mau tenha essa habilidade. Veja-se o caso da educação cívica - a meu ver não deveria ser dada pelos directores de turma sem mais nem menos, mas é só uma humilde opinião de "pato que está fora" e que se interessa bastante pela axiologia e ética.

RD disse...

Formação Cívica, digo.

RD disse...

É uma arte ensinar-se alguém a pensar sem qualquer tendência. É uma arte saber levar o aluno a si mesmo para depois saber pensar e se abrir para o mundo. A genialidade natural não é de todos mas a formação nesta área possibilita esta lacuna. Afinal há um código deontológico de professores ou não?

Anónimo disse...

Sem querer ser tendencioso, concordo com a R. Dart.

Mas vamos lá ver. Tudo isto aqui é a minha impressão pessoal, apesar de pelos vistos não ser tanto pessoal como eu julgo.

Quanto à diferença qualitativa da docência universitária da secundária, tenho de reconhecer que não fui suficientemente preciso. Estava a pensar na minha Faculdade em particular, e não em todo o contexto nacional.
Para gaudio meu, a FDL foi recentemente classificada em 1º lugar ao nível nacional e em 5º ao nível da Europa. Portanto, meu caro Miguel, sem qualquer atitude de petulância ou convencimento da minha parte (mas algum orgulho, isso não posso esconder) eis o objecto da medida que me servi para efectuar tal comparação.

Mas há outros critérios objectivamente válidos para estabelecer a diferença:
- maior habilitação académica dos docentes (falamos de assistentes que normalmente estão a tirar curso de mestrado);
- maior incentivo à autonomia científica, como muito bem referiu a R. Dart;
- maior maturidade (?) dos alunos;
- etc,

Note o Miguel que não postulo qualquer desprimor pelos docentes de outros níveis que não o superior.
Tivesse eu tido professores tão bons como tive na faculdade, que hoje seria certamente um melhor profissional.

Cumprimentos

Anónimo disse...

Ah, mais uma coisa.

Desculpe o Miguel, mas não posso deixar de acusar que a sua observação peca por petição de princípio.
Se se diz não corporativista - e acredito - porque razão sente que as nossas simples considerações pessoais põem em risco TODA uma classe?

Penso que o melhor começo para não se ser corporativista é precisamente reconhecer que qualquer classe profissional tem problemas, umas mais do que outras.

Se considera a sua classe dotada de excelentes profissionais, estamos os dois de acordo. Eles também existem.
Mas que raio, se as críticas existem, ainda por cima dentro da sua própria classe, e por personalidades nada suspeitas, não serão certamente para contentamento maldizente de algumas pessoas, não acha?

Para não ir mais longe, apenas lhe digo que já senti vergonha alheia ao ler uma carta redigida... por um professor de português!

«« disse...

O seu comentário, caro PGD, está à medida do saeu objecto de medida, e mais não digo porque só discuto com quem me respeita e vc foi longe demais.

RD disse...

Não denotei qq falta de respeito ao Miguel. O PJG limitou-se a dar a sua opinião e a chamar a atenção ao problema do corporativismo, do qual partilho, não há necessidade de se preocupar com uma luta que não é a sua, já que não é corporativista.
Como já se tinha dito anteriormente, a troca de ideias nunca foi pessoal, são apenas inquietações que temos na óptica exterior à escola, o que também não as invalida, já que a meu ver, foram bem argumentadas.

Para não fugir ao tema, que seria a legitimidade de qq professor poder passar orientações que ajudassem a formar consciências, mantenho a minha opinião, deveria haver mais cuidado e formações nesse campo - no que toca à Formação Cívica. A todo o resto só se pode apelar ao bom-senso e a uma educação humanista que tenha cuidado não só com o aluno mas com a pessoa em si.

Anónimo disse...

Certo. Não vale a pena insistir no assunto.

Apenas relembro ao Miguel a ideia que um autor - cujo nome não me lembro -expôs uma vez (e digo-o de cor): o que se respeita são as pessoas; as opiniões foram feitas para serem combatidas.
A título meramente exemplificativo: que respeito merece a doutrina social-nacionalista? Para alguns, muito.
Escusava-o de dizer, mas não vá o Miguel associar este exemplo que dei à sua pessoa, afirmo que tenho a certeza que não será uma dessas pessoas.

Se reparar, não lhe lancei qualquer ataque pessoal, até porque não o conheço. Veja lá que se o fizesse seria sempre cair na fórmula mais fácil: a injúria, a calúnia, que razão ou força intelectual têm para a defesa de uma ideia, de uma cotenda?

Agora quanto a opiniões, vá... tenha paciência.
Toda a Humanidade foi erigida por opiniões e contra opiniões, se calhar mais com os braços do que com a cabeça. Mais com o coração do que com a lógica.

Portanto, e não toco mais nesta questão, se cola a «opinião» ao ataque pessoal, bem... que dizer senão que é apenas a sua OPINIÃO!

Com a qual, evidentemente, discordo.

PS: O orgulho a que me referi foi pelo facto de ter sido aluno da melhor faculdade de Direito do país. Apenas isso, e sinceramente, acho que é um orgulho legítimo.

Não tenho por hábito opinar sobre coisas de que não tenho o mínimo de informação.O que não quer dizer que não erre...

«« disse...

Não estava pensando voltar ao assunto, mas não resisto em deixar algumas considerações, primeira das quais a que todos esses “incompetentes” foram formados por esse brilhante Ensino Superior, ou então vamos acreditar que esses “incompetentes” tem a 4ª classe de adultos. Quanto à dona do blogue obviamente que a discussão é pertinente e justo, nunca postulei que não há maus profissionais na minha classe, só quem não sabe ler é que não consegue interpretar tal crítica que, se for ao meu blogue e se ler para trás irá encontrar muitas. Por outro lado, apelando o seu sentido de justiça, vou ficar a aguardar as críticas aos outros campos sociais (mesmo que isso não ilibe a educação). Já agora pode começar pela justiça, que são onde existem os tais profissionais do tal ensino de qualidade....

Anónimo disse...

Pela primeira vez, estamos de acordo.

RD disse...

E vai outra. De acordo.

A única coisa que funciona em Portugal é a vontade de se melhorar, e nisto estamos todos de acordo. Só falta metermos mãos á obra em vez de sonharmos com isso, como tb é típico do bom português.

Anónimo disse...

Ainda que eles não saibam que o sonho, é uma constante da vida,
tão concreta e definida, como outra coisa qualquer.

Lá dizia o talentoso Gedeão.

«« disse...

O Gedeão entendeu, que para atirar pedras ao vizinho é preciso não ter telhados de vidro...pelo que a unica forma de discutir as coisas é tendo o bom senso de não tomar a parte pelo todo...o que, tal como vcs eu tb não faço, quer dizer que se deva meter a cabeça na areia...mas devemos ter a responsabilidade de quando se criticar ver até onde vamos e se estamos a ter um sentido de responsabilidade, nem que seja porque somos lidos por pessoas com e sem preparação. Não fçamos da blogosfera o que faz a comunicação social, pelo menos estes têm como objectivo as audiencia...nós o que a construimos com sentido de missão não temos esse problema. NÃO PERCAMOS ESSA GRANDE VANTAGEM