segunda-feira, novembro 25, 2013

[JOANA] MORA NA FILOSOFIA #3 | Rua de Baixo

Ei-la, a Joaninha no seu melhor.
Fiz um copy apressado e mal feito mas isto tinha que aparecer aqui. Como me lembro que tenho um blog de 5 em 5 anos, pensei que tendo o texto aqui postado, posso reler mais tarde. Só links de pouco servem... ou, só por si, não valem nada.


[JOANA] MORA NA FILOSOFIA #3 | Rua de Baixo

«Agora o senhor vai para casa e toma 10 gotinhas de Concentrado Kantiano, 3x ao dia. Daqui a um mês repetimos as análises ao sangue, para verificar como estão os níveis de ética»
 
«O conhecimento filosófico não vale nada», escreveu um senhor, a propósito do comportamento de um filósofo da nossa praça. Ora, isto é coisa para arreliar Sócrates (o grego, atenção!) e para fazer o Santo Agostinho dar voltas no túmulo.

Procurei esclarecer o sentido daquelas palavras. Acrescentei um «por si» e eis que o resultado fica, parece-me, mais próximo da verdade.
Vejamos:

«O conhecimento filosófico, por si, não vale nada»

Deixem o «por si, não vale nada» e completem a frase à vossa vontade.
Por exemplo:

«Dizer 10 vezes ao dia “sou muito boa pessoa”, por si, não vale nada»
«Comprar muitos livros e guardá-los na estante, por si, não vale nada»
«Imprimir o plano alimentar e colá-lo no frigorífico, por si, não vale nada»
«Ter uma ideia, por si, não vale nada»
«Ir à missa, por si, não vale nada»

Há ideias e actos que, por si, não têm valor algum. Vivemos muito iludidos com a noção de que podemos criar realidade através das palavras, por exemplo. Mas consta que esse carácter criacionista, pela palavra, só a deus pertence. Podemos também falar do aspecto altruísta (ou egoísta) das boas acções e discutir se isso basta para que nos tornemos seres humanos melhores. E aí, nesse momento, questionamos o bem e o mal e a forma como um e o outro interferem – à partida ou à chegada – no nosso olhar sobre aquilo que está à nossa volta. (Sim, a filosofia é muito isto, caminhar de interrogação em interrogação, em modo non stop – infelizmente, estas caminhadas não contribuem para a melhoria do porte físico, apenas do intelectual).

Tal como os sinais de trânsito – que se limitam a dizer «tem que seguir por aqui», mas nunca vão a lado nenhum – também o conhecimento, o saber acumulado poderá não ser o motor para coisa alguma. Conhecemos tantos casos de professores, autênticas “enciclopédias humanas” incapazes de dar uma aula com o mínimo de competências pedagógicas. Médidos com um passado académico acima de 19 que são autênticas nulidades no trato com os doentes. E filósofos que, por muito que leiam ou escrevam, vão DE encontro àquilo que estudam e defendem em neverending ensaios. E todos sabemos que ir DE encontro às coisas pode ter efeitos secundários: hematomas ao nível do intelecto e distância entre o que se diz e faz. Verdadeiras nódoas negras indetectáveis a olho nu.
Talvez os filósofos sejam apenas seres humanos, que confudem o “ir ao encontro” com um “ir de encontro”. Que têm dúvidas, porque as certezas podem tornar-se pesos insuportáveis nos ombros e causar hérnias discais. Talvez a filosofia não esteja assim tão distante da vida de todos os dias. Talvez todos nós tenhamos morada nessa rua, que se chama Filosofia.

quarta-feira, agosto 14, 2013

Sim, somos nós quem faz isto.

A Árvore da Vida ou a Árvore do Conhecimento

Klimt nunca me aborrece.
Quando observo alguma obra sua fico de alma cheia. Gosto de tudo. Das composições e das provocações, gosto da luz.