segunda-feira, janeiro 31, 2005

Hannah Arendt (1906-1970)

Arendt nasceu em Hannover (Alemanha) numa família judaica. Estudou na Universidade de Koniberg, Malburg, Freiburg e Heidelberg. Foi influenciada por Husserl, Heidegger, e Karl Yaspers.
Em consequência das perseguições nazis, em 1941, parte para os EUA, onde virá escrever grande parte das suas obras. Lecciona nas principais universidades deste país (Columbia,Califórnia, Cornell, Princeton, Wesleyan, etc).
A sua filosofia assenta numa crítica à sociedade de massas e à sua tendência para atomizar os indivíduos. Proconiza um regresso à uma concepção política separada da esfera económica, tendo como modelo de inspiração a antiga cidade grega.
Algumas obras:
A Condição Humana; O Sistema Totalitário; O Homem em Tempos Sombrios; O Que é a Política?; A Crise da República; Sobre a Revolução; O Sistema Totalitário.

Henri Bergson (1859-1941)

Bergson nasceu numa família judaica, em Auteuil (Paris), em 1859, foi professor nos liceus de Angers e de Clermond - Ferrand, Henrique IV de Paris, e depois na Escola Nacional Normal Superior e no Collège de France, onde ministrou a cátedra de Filosofia Ocidental.
Em 1927 recebeu o Prémio Nobel de Literatura.
A filosofia de Bergson assenta no conceito da evolução como uma dimensão espiritual da vida humana, associada à questão da liberdade da consciência e do tempo, que considerou como uma sucessão de instantes conscientes. Na sua obra a Evolução Criadora (1907), desenvolve o problema da existência humana e define a mente como energia pura, o élan vital ou impulso vital, responsável de toda a evolução orgânica. Nas últimas décadas procurou relacionar a sua filosofia com o pensamento cristão. A sua filosofia inscreve-se na corrente intuicionista que surge em finais do século XIX como reacção ao positivismo.

Obras:
Ensaios Sobre os Dados Imediatos da Consciência: Matéria e Memória (1896); Tempo e Livre Arbítrio (tese de doutoramento,1889), O Riso (1900), A Evolução Criadora (1907); As Duas Fontes da Moral e da Religião (1932) .

quinta-feira, janeiro 27, 2005

Aletheia #1

«(...) Quando os leaders de Esparta foram visitar o Oráculo de Delfos, uma das perguntas que lhe fizeram foi quando acabaria o mundo. E a resposta do Oráculo foi: "Quando o ignorante fala sobre conhecimento, a prostituta fala sobre honra, e o tirano fala sobre justiça". »

Orientar Filosoficamente a Vida

A ânsia de uma orientação filosófica da vida nasce da obscuridade em que cada um se encontra, do desamparo que sente quando, em carência de amor, fica o vazio, do esquecimento de si quando, devorado pelo afadigamento, súbito acorda assustado e pergunta: que sou eu, que estou descurando, que deverei fazer?
O auto-esquecimento é fomentado pelo mundo da técnica. Pautado pelo cronómetro, dividido em trabalhos absorventes ou esgotantes que cada vez menos satisfazem o homem enquanto homem, leva-o ao extremo de se sentir peça imóvel e insubstituivel de um maquinismo de tal modo que, liberto da engrenagem, nada é e não sabe o que há-de fazer de si. E, mal começa a tomar consciência, logo esse colosso o arrasta novamente para a voragem do trabalho inane e da inane distracção das horas de ócio.
Porém, o pendor para o auto-esquecimento é inerente à condição humana. O homem precisa de se arrancar a si próprio para não se perder no mundo e em hábitos, em irreflectidas trivialidades e rotinas fixas.
Filosofar é decidirmo-nos a despertar em nós a origem, é reencontrarmo-nos e agir, ajudando-nos a nós próprios com todas as forças.
Na verdade a existência é o que palpavelmente está em primeiro lugar: as tarefas materiais que nos submetem às exigências do dia-a-dia. Não se satisfazer com elas, porém, e entender essa diluição nos fins como via para o auto-esquecimento, e, portanto, como negligência e culpa, eis o anelo de uma vida filosóficamente orientada. E, além disso, tomar a sério a experiência do convívio com os homens: a alegria e a ofensa, o êxito e o revés, a obscuridade e a confusão. Orientar filosoficamente a vida não é esquecer, é assimilar, não é desviar-se, é recriar intimamente, não é julgar tudo resolvido, é clarificar.
São dois os seus caminhos: a meditação solitária por todos os meios de consciencialização e a comunicação com o semelhante por todos os meios da recíproca compreensão, no convívio da acção, do colóquio ou do silêncio.
Karl Jaspers, in 'Iniciação Filosófica'

Para Que Serve a Filosofia?

O leitor ocupado perguntará para que serve a filosofia. Pergunta vergonhosa, que não fazemos à poética, essa outra construção imaginativa de um mundo mal conhecido. Se a poesia nos revela a beleza que os nossos olhos ineducados não vêem, e se a filosofia nos dá os meios de compreender e perdoar, não lhes peçamos mais - isso vale todas as riquezas da Terra. A filosofia não enche a nossa carteira, não nos ergue às dignidades do Estado; é até bastante descuidosa destas coisas. Mas de que vale engordar a carteira, subir a altos postos e permanecer na ignorância ingénua, desapetrechado de espírito, brutal na conduta, instável no carácter, caótico nos desejos e cegamente infeliz? A maturidade é tudo. Talvez que a filosofia nos dê, se lhe formos fiéis, uma sadia unidade de alma. Somos negligentes e contraditórios no nosso pensar; talvez ela possa classificar-nos, dar-nos coerência, libertar-nos da fé e dos desejos contraditórios. Da unidade de espírito pode vir essa unidade de carácter e propósitos que faz a personalidade e dá ordem e dignidade à vida. Filosofia é conhecimento harmónico, criador da vida harmónica; é disciplina que nos leva à serenidade e à liberdade. Saber é poder, mas só a sabedoria é liberdade.

Will Durant, in 'Filosofia da Vida'

Só Chegamos a Ser uma Parte Mínima do que Poderíamos Ser

A actividade de comprar conclui em decidir-se por um objecto; mas é também antes uma eleição, e a eleição começa por perceber as possibilidades que oferece o mercado. De onde resulta que a vida, no seu modo «comprar», consiste primeiramente em viver as possibilidades de compra como tais. Quando se fala da nossa vida só se esquece disto, que me parece essencialíssimo: a nossa vida é em todo o instante e antes que nada consciência do que nos é possível. Se em cada momento não tivéssemos à nossa frente mais que uma só possibilidade, careceria de sentido chamá-la assim. Seria apenas pura necessidade. Mas ai está: esse estranhíssimo facto da nossa vida possui a condição radical de que sempre encontra ante si várias saídas, que por serem várias adquirem o carácter de possibilidades entre as quais havemos de decidir. Tanto vale dizer que vivemos como dizer que nos encontramos num ambiente de determinadas possibilidades. A este âmbito costuma chamar-se «as circunstâncias».
Toda a vida é achar-se dentro da «circunstância» ou mundo. Porque este é o sentido originário da idéia (mundo). Mundo é o repertório das nossas possibilidades vitais. Não é, pois, algo à parte e alheio à nossa vida, mas que é a sua autêntica periferia. Representa o que podemos ser; portanto, a nossa potencialidade vital. Esta tem de se concretizar para se realizar, ou, dito de outra maneira, chegamos a ser só uma parte mínima do que poderíamos ser. Daí que nos parece o mundo uma coisa tão enorme, e nós, dentro dele, uma coisa tão pequena. O mundo ou a nossa vida possível é sempre mais que o nosso destino ou vida efectiva. Eu sou eu e a minha circunstância.

Ortega y Gasset, in 'A Rebelião das Massas'

quarta-feira, janeiro 26, 2005

Opinar sem Conhecer

"Porque é que os corpos dentro dos seus caixões são tão pesados ? Ele dizem que é devido a algum tipo de inércia, que o corpo já não é mais dirigido pelo seu dono... ou alguma tolice desse tipo, em oposição às leis da mecânica e do senso comum. Eu não gosto de ouvir pessoas que não têm mais que uma educação geral aventurarem-se a resolver problemas que requerem um conhecimento especial; e connosco isso acontece continuamente. Os cidadãos gostam muito de dar opiniões sobre assuntos que são do foro do soldado ou até mesmo do marechal de campo; enquanto homens que foram educados como engenheiros preferem discutir filosofia e economia política."

Fiodor Dostoievski, in 'Bobok'

sábado, janeiro 22, 2005

Acerca da Tolerância

Filosofia na UAC.

Para quem quiser saber mais um pouco sobre a aplicação da Tolerância a casos contemporâneos, tais como o Aborto, Prostituição e Despenalização das Drogas Leves. Temas que merecem a nossa reflexão e exigem muita informação para que se saiba o que se está a dizer.

sexta-feira, janeiro 21, 2005

Imbecilidade

Apetece-me essencialmente criticar. Não que tenha a pretensão de que saiba fazê-lo melhor e de que ao criticar não caia no que critico, mas tenho já pelo menos consciência disso, o que já não é mau. Não é mau e é o grande primeiro passo para não se cair na imbecilidade rotineira.
O nível de exigência que as pessoas têm consigo mesmas é lamentavelmente vergonhoso, estão todos mais preocupados em mostrar e provar a outros o que parece que sabem (e diga-se que não é nada difícil) do que propriamente preocupados em Saber e prová-lo a si mesmos.
Depois caímos nisto da cultura da doxa. Ninguém sabe muito, mas tem sempre opinião. É fantástico. É um desfile de vaidades quando o rei vai nu.

quarta-feira, janeiro 12, 2005

Louquícias

Não posso de deixar de comentar este novo programa da RTP Açores.
Sou a primeira a dizer que deve haver iniciativas. Não sou daquelas pessoas que dizem que não há nada e que quando as há, só sabe é criticar, mas este é um caso diferente. De facto o programa é um horror, é medonho demais para que hajam palavras que o definam.
Há tempos, um amigo meu que participa no programa, contou-me que o programa iria para o ar - fiquei maravilhada, achei imensa piada à coisa, na verdade, muita falta nos fazia quem tivesse um humor sarcástico, caricaturial e neutro que soubesse colocar os políticos no seu lugar, baixar-lhes a crista para que entendessem os ridículos a que se prestam por vezes. Pensei mesmo que fosse resultar.
Quando vejo o horror que saiu do projecto até fiquei nervosa. Nem os "macacos" são apelativos! Dos diálogos nem falo. Além de fracos de espírito e banais mesmo, não se entendem. Será que esta gente não entende que as "private jokes" dum grupo de jornalistas não se estendem ao grande público? Será que não entendem que nem todos acham piada aos disparates deles? E anda assim a nossa sociedade.
Tenho sinceramente vergonha que alguém de fora veja este programa, bela imagem que vão levar da nossa televisão. E depois queixam-se das audiências. Pudera...
O nosso maior problema, cá nos Açores, é a falta de mérito e de préstimo para se fazer algo bem feito.
Como dizia alguém ontem (sobre a nossa política) no Choque de Gerações "as expectativas são tão baixas que quando se faz alguma coisa, faz-se para contentar o povo" - subscrevo na íntegra e estendo à TV.
Pois meus amigos, uma novidade: Não basta sermos os melhores, temos que ser bons! (E melhores neste caso, não se aplica).
Bolas, mais valia que tivessem estado quietinhos!
Pelo contrário, este novo programa, o Choque de Gerações, está a ser uma boa tentativa de mostrar aos Açorianos, que existe quem se preocupe com as coisas. Nos primeiros programas estava um pouco céptica, confesso. Pareceu-me haver umas lacunas que se não fossem corrigidas, caíriamos em só mais um programa novo, com alguma novidade mas contudo sem grande qualidade.
Dou os meus parabéns ao Joel, o moderador, que se corrigiu na perfeição. Está mais sereno, modera melhor, tem excelentes convidados e assuntos pertinentes. Agora já tenho pena que seja um programa curto, mais uma meia hora e os assuntos seriam discutidos de uma forma mais profunda.
Fazia-nos falta um programa do género, aliás, diria até que um projecto a roçar os Prós e Contras seria viável cá para a nossa realidade. Sobre generalidades somos dos melhores... é que nós, os Açorianos, temos a mania que sabemos um bocadinho de tudo, mas por vezes para se chegar a consenso sobre assuntos sérios, bloqueamos. E quando nos aparece alguém que realmente sabe fundamentar, não reconhecemos legitimidade.
Se queremos chegar a uma maturidade de raciocínio, temos que ser mais humildes na aprendizagem, aprender com quem sabe e não ficar pelo superficial que acaba sempre por ser detectado entremeio de conversas.

segunda-feira, janeiro 10, 2005

Política

Ando tão chateada com esta nossa política em Portugal. Ou seja lá o que isso for. Política já não é certamente, deveríamos trabalhar o sentido á coisa, redefinir o termo/conceito para o que é, porque continuar a chamar-se política ao que se faz é uma ofensa a quem o fez realmente. Isto aplica-se a qualquer partido, nem há necessidade de definir algum.
Suponho que o problema esteja na qualidade da formação dos políticos, sei qual é o processo natural a percorrer, e chega sempre o momento do aliciamento em que se fazem escolhas, em que se escolhe alguém adequado ao perfil para se poder manipular dentro dos partidos. É aí que as pessoas acham que vão dar o salto para a glória e abdicam dos ideais que tem.
Frente a um futuro promissor, raros são aqueles que hesitam e continuam a dormir bem. Os que continuam em frente a pensar que não se estão a trair, a maior parte das vezes sofreram a lavagem do pragmatismo da utilidade, da cegueira de Saramago.
Também é verdade que ainda os há sãos e de boa vontade, pena que esses não tem a retórica sofista aliada ao verdadeiro saber, e perdem estrelato sendo enviados para um trabalho de background pouco ou nada reconhecido. Não interessa, ao menos fazem bem o que se propuseram fazer.
Seja como for, dever-se-ia ensinar política nos secundários, é uma disciplina com tanta, ou mais importância que outras, bem como a filosofia, que ensina a ser-se crítico e no entanto nada! Não se entendem as prioridades no nosso país.
Esta não é só mais uma humilde opinião sobre educação, é mais do que isso, é o "por favor abram os olhos!" e entendam que sem educação não vale a pena discutirmos outros assuntos. Sejam quais forem. Não interessa nada falar-se sobre o que quer que seja, porque não haverão soluções possíveis quando não se podem pô-las em prática! Não já vimos todos que as práticas falham? Está em boa hora de se parar de varrer para baixo do tapete... é que quando alguém ainda não sabe, pode fazer sentido, mas já quando todos deram por isso...! Estamos já apenas a enganar-nos a nós próprios. Que absurdo. E ninguém faz nada, talvez porque não haja nem competência para entender isso.


sábado, janeiro 08, 2005

Esperança

Tenho vagueado pelo universo da blogosfera, depreocupadamente e sem rumos estabelecidos. Encontrei blogs ricos em conteúdo e a maior parte, anónimos. Recuso-me a adicionar, só por adicionar, ou para parecer que os leio, blogs de gente conhecida. É incrível, como também aqui, já se veem manobras de marketing. Os mais lidos, tem todos os mesmos blogs adicionados... Porquê e para quê? Para aumentarem o seu número de visitas? Como se isso interessasse. São os mais secretos os mais puros, sabe-se lá porquê. Talvez porque não haja exposição, talvez porque passar um pouco de si seja a prioridade, talvez porque esta também seja uma forma de escape, talvez porque seja recompensa por si só, talvez porque se goste de ler um comentário anónimo ou quase anónimo de alguém que nos julgue apenas pelas nossas palavras.
Caindo na rotina de se ler o Sr. X ou o Sr. Y porque são conceituados (não o querendo dizer que não o façamos de x em quando), acabamos por fazer "disto" dos blogs, jornais diários com notícias e opiniões corriqueiras que podemos encontrar em todo o lado.
As minhas preferências vão para a procura/encontro da verdadeira diferença, a pura, a descomprometida, a que provém do mais intimo do ser. E há. É isto que no fundo quis dizer desde o início, há essa diferença por aqui, há um pluralismo interessante que nos acrescenta algo se o soubermos retirar. A mim dá-me esperança. Dá-me aquela esperança de entender que afinal existe gente que gosta de pensar a fundo nas coisas, que se preocupa, que quer saber e ser mais.
Isto ainda numa fase embrionária, claro, que surge como que um grito de socorro entremeio duma sociedade torpe, sem eira nem beira, sem valores em comum. Sabe-me bem ler quem tenta ultrapassar o individualismo irresponsável dominante, porque são esses que já se começam a sentir incomodados e tem necessidade de dar mais, de se tornarem responsáveis para se sentirem finalmente livres, autónomos.
Além da literatura, é por aqui também, que temos possibilidade de trocar conhecimentos, ideias, ideiais, inquietações, de "conhecer" o verdadeiro "outro" tal como ele é. Façamo-lo com a mais pura das intenções e de boa fé.

terça-feira, janeiro 04, 2005

O POVO É BOM TIPO

O POVO É BOM TIPO

Texto retirado do Blog acima mencionado. Se puder, ajude por favor. Obrigado por ter lido.

"Umas palavras rápidas para exortar toda a população a passar dos choros de café para ajudar quem faz algo para atenuar toda a dor provocada pela maior catástrofe humana de sempre. Todos nós passamos por dificuldades económicas, mas ninguém deixa de tomar café e ninguém, graças a deus, sabe o que é PASSAR FOME. Portanto, contem connosco para vos chatear. Chateiem os vossos amigos e pensem o que seria de nós se estes TSUNAMIS tivessem feito uma visitinha ao nosso nobre e desprotegido cantinho? Seria assim tão improvável de acontecer?


Deixemo-nos de chorinhos inúteis e FAÇAMOS ALGO!!!


Aqui vão os NIB de organizações que fazem algo no nosso e vosso lugar, por quem tanto sofre.


AMI Missão Ásia
NIB: 0035 0001 0003 0003 8306 2


UNICEF SOS Crianças da Ásia
NIB: 0035 0127 0002 8241 2305 4


CARITAS Ajuda Vítimas da Ásia
NIB: 0035 0697 0063 0917 9308 2

posted by O POVO É BOM TIPO @ 11:14 PM"