terça-feira, novembro 29, 2005

1 ano

1 ano de Filosofia.
Obrigado a todos que por cá passaram e aos que vão passando.

Bioética

Bioética ou ética da vida. A bioética pode ser definida como um estudo interdisciplinar que procura estabelecer as normas que devem reger a acção no campo da intervenção técnico-científica do homem sobre a sua própria vida.

Progressos.
O século XX foi marcado por enormes progressos no domínio das ciências médicas, que permitiram curar muitas doenças consideradas incuráveis e sobretudo prolongar a vida humana (aqui lembro Saramago, que em ficção, no seu novo livro «As Intermitências da Morte» trata o assunto).
Entre os avanços científicos que o permitiram destacam-se os seguintes:
- A introdução das sulfamidas e dos antibióticos que permitiram controlar as infecções.
- A substituição dos orgãos em falência (diálise, ventilação mecânica, transplantes de orgãos, etc).
- A identificação do código genético e das leis que presidem à formação da vida (inseminação artificial, engenharia genética, etc).
- O desenvolvimento das técnicas de diagnóstico (radiografias, ecografias, diagnóstico pré-natal, etc)
Estes extraordinários progressos alteraram por completo a pratica da medicina, que passou a contar com muitos mais agentes, assim como a própria relação do homem com a própria ciência.

Problemas Éticos.
A evolução das ciências médicas até ao século XX processou-se de um modo que não suscitou grandes problemas éticos, estando os princípios fundamentais consagrados no célebre "Juramento de Hipócrates". As experiências médicas eram realizadas e por serem muito limitadas, não suscitavam grandes problemas.
Os progressos que se registaram a partir do século XX só foram possíveis porque as ciências médicas passaram a ter uma enorme complexidade e a envolverem grandes interesses económicos, onde participam uma enorme rede de agentes (médicos, farmacêuticos, biólogos, químicos, engenheiros, etc) e instituições (empresas, fundações, universidades, etc). Os interesses passaram a ser múltiplos, e nem sempre prevalecem os do saber.
Na primeira metade deste século ocorreram muitas experiências científicas que colocaram em causa os princípios mais elementares da dignidade da pessoa humana. Os casos mais conhecidos, mas não os únicos, deram-se na Alemanha durante o domínio nazi (1933-1945) onde milhares de seres humanos foram mortos em experiências médicas.
Na segunda metade do século XX, permaneceram os avanços espectaculares na biologia, biotecnologia e medicina.
Ora muitos destes progressos continuam a usar seres humanos como cobaias, muitas vezes sem o seu conhecimento. A utilização de animais passou igualmente a ser questionada, sobretudo quando a estes são infligidos sofrimentos desmesurados.
Cresceram também de forma espectacular as indústrias ligadas às áreas da saúde, nomeadamente as empresas farmacêuticas que se tornaram verdadeiros potentados multinacionais. Fruto destes progressos científicos e do dinheiro delas obtido, muitas experiências passaram a ser feitas com um único objectivo: a projecção mediática (fama) e o lucro dos laboratórios, médicos ou cientistas que as realizam. As "doenças" passaram a ser um dos negócios mais lucrativos do mundo, facto que só por si alterou radicalmente as relações entre o médico e o doente. Este último sente-se frequentemente explorado por redes de interesses que apenas consegue vislumbrar os seus contornos.
O problema dos limites da ciência e das experiências médicas, assim como os interesses nelas envolvidas, passou a estar na ordem do dia.
Em muitas áreas tornou-se cada vez mais difícil compatibilizar o progresso científico com o respeito pela vida humana e os valores culturais assumidos como estruturantes das nossas sociedades.
A diversidade de temas abordados na bioética espelham melhor que nada a complexidade que adquiriram actualmente estes problemas.

Principais temas da bioética:
1. O diagnóstico pré-natal; conselhos genéticos; eugenia fetal; terapia genética; práticas abortativas; esterilização masculina e feminina por diversos motivos;
2. Reprodução humana "artificial" ou assistida em todas as suas modalidades e suas correspondentes implicações técnicas (bancos de esperma, bancos de embriões, mães de aluguer, etc);
3. Experiências com seres humanos, embriões e cadáveres em qualquer fase do ciclo vital:
4. Informações clínicas e a sua comunicação ao paciente; reanimação; eutanásia e direito a uma morte digna;
5. Terapia e manipulação genética em todas as suas formas;
6. Suicídio e ajuda ao suicídio;
7. Transplantes de orgãos humanos;
8. Trans-sexualidade:
9. Investigação e desenvolvimento de armas biológicas e químicas;
10. Biogenética animal e vegetal.

*texto retirado da Filosofia no Sapo.

sexta-feira, novembro 18, 2005

Mais uma explicação para França

"(...) Numerosos estudos internacionais - quer os de política educativa, quer os que incidem na avaliação dos desempenhos reais - e não só das classificações ou diplomas - dos alunos e das escolas (OCDE, IEA, Comissão Europeia) - alertam recorrentemente para os problemas agravados de exclusão social que o facto de não ter aprendido já está a provocar dramaticamente nas sociedades actuais. São já, na sua grande maioria, alfabetizados e escolarizados e escolarizados sem sucesso - na realidade, iletrados funcionais e desenraizados sociais - os elementos de todas as bolsas de exclusão ou marginalidade das sociedades actuais.

Nem a economia, nem o mercado de trabalho, nem o díficil equilíbrio das tensões sociais podem compadecer-se com a existência de bolsas crescentes desta população quase iletrada, afastada do acesso básico à informação e ao conhecimento, informação e conhecimento que se constituem hoje como a principal chave para a inclusão social, para a rentabilidade económica, e também para o bem-estar social e a estabilidade pessoal e profissional.

A mesma escola que se confrontou com a massificação do acesso à educação, desafio já genericamente superado, encontra-se hoje perante uma situação bem mais complexa: a premência da subida do nível educativo real das populações. Trata-se, assim, nos nossos dias, da necessidade de "massificar o sucesso", ou seja, garantir a todos uma qualidade educativa satisfatória, não podendo mais confinar-se a escola ao papel de assegurar uma socialização de base e uma instrução elementar para a maioria, com aprendizagem de melhor nível apenas reservada a alguns.

Em síntese, o grande problema da escola é hoje o de responder satisfatoriamente a todos, garantindo-lhes um bom apetrechamento educativo - sendo que esses todos são cada vez mais diferentes (Roldão, 1998)."

in
Roldão, Maria do Céu. Gestão Curricular, fundamentos e práticas. Ministério da Educação, 1999, pp.33.

Tolerância

*Este é o logo de 1995 - Ano da Tolerância - proclamado pelas Nações Unidas.
Imagem desenhada por Manuel Arquier.

*Estas são as bandeirinhas da Tolerância adoptadas pela UNESCO. Veja a sua significação.

HOW CAN INTOLERANCE BE COUNTERED?

1. Fighting intolerance requires law:
Each Government is responsible for enforcing human rights laws, for banning and punishing hate crimes and discrimination against minorities, whether these are committed by State officials, private organizations or individuals. The State must also ensure equal access to courts, human rights commissioners or ombudsmen, so that people do not take justice into their own hands and resort to violence to settle their disputes.

2. Fighting intolerance requires education:
Laws are necessary but not sufficient for countering intolerance in individual attitudes. Intolerance is very often rooted in ignorance and fear: fear of the unknown, of the other, other cultures, nations, religions. Intolerance is also closely linked to an exaggerated sense of self-worth and pride, whether personal, national or religious. These notions are taught and learned at an early age. Therefore, greater emphasis needs to be placed on educating more and better. Greater efforts need to be made to teach children about tolerance and human rights, about other ways of life. Children should be encouraged at home and in school to be open-minded and curious.
Education is a life-long experience and does not begin or end in school. Endeavours to build tolerance through education will not succeed unless they reach all age groups, and take place everywhere: at home, in schools, in the workplace, in law-enforcement and legal training, and not least in entertainment and on the information highways.

3. Fighting intolerance requires access to information:
Intolerance is most dangerous when it is exploited to fulfil the political and territorial ambitions of an individual or groups of individuals. Hatemongers often begin by identifying the public's tolerance threshold. They then develop fallacious arguments, lie with statistics and manipulate public opinion with misinformation and prejudice. The most efficient way to limit the influence of hatemongers is to develop policies that generate and promote press freedom and press pluralism, in order to allow the public to differentiate between facts and opinions.

4. Fighting intolerance requires individual awareness:
Intolerance in a society is the sum-total of the intolerance of its individual members. Bigotry, stereotyping, stigmatizing, insults and racial jokes are examples of individual expressions of intolerance to which some people are subjected daily. Intolerance breeds intolerance. It leaves its victims in pursuit of revenge. In order to fight intolerance individuals should become aware of the link between their behavior and the vicious cycle of mistrust and violence in society. Each one of us should begin by asking: am I a tolerant person? Do I stereotype people? Do I reject those who are different from me? Do I blame my problems on 'them'?

5. Fighting intolerance requires local solutions:
Many people know that tomorrow's problems will be increasingly global but few realize that solutions to global problems are mainly local, even individual. When confronted with an escalation of intolerance around us, we must not wait for governments and institutions to act alone. We are all part of the solution. We should not feel powerless for we actually posses an enormous capacity to wield power. Nonviolent action is a way of using that power-the power of people. The tools of nonviolent action-putting a group together to confront a problem, to organize a grassroots network, to demonstrate solidarity with victims of intolerance, to discredit hateful propaganda-are available to all those who want to put an end to intolerance, violence and hatred.

terça-feira, novembro 15, 2005

Dia Mundial da Filosofia - Atelier de Filosofia

Dia Mundial da Filosofia
Proclamado pela UNESCO
17 de Novembro de 2005
“[...] A filosofia é uma ‘escola da liberdade’ [...], uma escola da solidariedade humana. [...] O ensino da filosofia contribui para a formação de cidadãos livres.”
(UNESCO, Dezembro, 2004)

Atelier de Filosofia
Universidade dos Açores

O “Dia da Filosofia” começou a ser celebrado pela UNESCO desde o ano de 2002. Porém, apenas no passado mês de Outubro de 2005, por ocasião da 33ª sessão da Conferência Geral da UNESCO, foi formalmente proclamado, passando a ser assinalado na terceira quinta-feira do mês de Novembro. No próximo dia 17 de Novembro celebra-se, pela primeira vez a título oficial, o Dia Mundial da Filosofia.
O Grupo de docentes de Filosofia e os alunos do Seminário de Licenciatura em Filosofia, da Universidade dos Açores, vão assinalar este Dia através da organização de um Atelier de Filosofia que, como a designação sugere, consiste num conjunto de actividades destinado a permitir aos alunos relacionarem-se com o pensamento filosófico de uma forma interactiva. Para o efeito, estarão montadas cinco “bancas de trabalho”: “o Passeio dos Filósofos” (reprodução do “Jogo da Glória”); “Ver, Ouvir e Pensar” (combinação de imagens, textos e música); “Muda de Canal” (apreciação de anúncios publicitários); “Jogos de Pensamento” (construção de palavras cruzadas e banda desenhada); “Forum de discussão” (diálogo polémico). Paralelamente, apresentar-se-ão dois posters temáticos, um dedicado a Jean-Paul Sartre, cujo centenário do nascimento se celebra em 2005, e um outro dedicado a Paul Ricoeur, falecido no presente ano.
No dia 17 de Novembro, a Universidade dos Açores manterá um “espaço aberto” (Edifício da Aula Magna), das 9:30 às 17:30 horas, convidando todos os interessados a visitarem e a “trabalharem” nas diversas bancas deste Atelier de Filosofia.
Convidamo-los para uma experiência única!

Maria do Céu Patrão Neves
(Organização)

segunda-feira, novembro 14, 2005

A Sexualidade Humana

Mais um documento de referência, desta feita, elaborado pelo Prof. Doutor Michel Renaud.
A quem possa interessar, favor ver na página do CNECV.

terça-feira, novembro 08, 2005

Da gestação ao colapso

«O acontecer histórico não é um fenómeno de geração espontânea ou de produção brusca. Não resulta também da simples associação de vontades, nem se esgota com a própria vivência. Germina lentamente, sem prejuízo dum eventual momento explosivo. A sua energia projecta-o para além de si mesmo, marcando, de um modo ou de outro, o devir histórico.»

Graça e J.S. da Silva Dias, in Os primórdios da Maçonaria em Portugal, vol I, tomo II. Lisboa 1986.