segunda-feira, março 14, 2005

Insiste Em Ti Mesmo

Insiste em ti mesmo; nunca imites. A todo o momento, podes exibir o teu próprio dom com a força cumulativa de toda uma vida de estudo; mas do talento imitado de outro tens apenas posse parcial e momentânea. Aquilo que cada um sabe fazer de melhor só pode ser ensinado por quem o faz. Ninguém sabe ainda o que seja, nem o pode saber, enquanto essa pessoa não o demonstrar. Onde está o mestre que pudesse ter ensinado Shakespeare? Onde está o mestre que pudesse ter instruído Franklin, ou Washington, ou Bacon, ou Newton? Todo o grande homem é único.

Ralph Waldo Emerson, in 'Essays'

17 comentários:

«« disse...

sabe Rosa, muito do pouco que sei aprendi com velhos que só tinham a quarta classe...imagine que o pouco +e mesmo pouco....um dia um desses velhinhos disse-me "uma imitação pode até ser melhor que o objecto imitado, mas não tem o sabor da inovação"...aprendi e guardei como máxima da minha personalidade, embora aprenda e utilize as outras imagens, patra criar a minha..

RD disse...

Miguel... se jogássemos uma sueca, um snooker ou uns matrecos, você ía-se inquetar comigo... e também aprendi com velhinhos sem dentes nas tascas entremeio de muitos conselhos que me pareceram sábios. Uns mais do que outros.
O que lhe digo é que há que se saber aproveitar o que se tem (a originalidade de cada um) e insistir no que não se tem para nos aperfeiçoarmos. Chama-se a isto evolução e que até pode fazer com que descubramos novos potenciais.
Concordo consigo, desde que haja realmente inovação. Gosto pouco de cópias.*

«« disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
«« disse...

lamento decepcioná-la, mas não sei jogar nenhum desses jogos saudáveis, contudo, deixe que lhe diga que estamos de acordo, a cópia só serve de base para ppodermos criar algo de inovador, tal como o outro cientista que inventou a teoria da gravidade enquanto praticava o seu desporto favorito (a sesta, tal e qual o clube do Mario Soares)...

RD disse...

Um madeirense que não sabe jogar nenhum destes jogos saudáveis? Acredite que fazem bem, aprende-se a treinar os fígados.

Anónimo disse...

porém, todos com "mestres", ou seja, todos com stock suficiente para "acrescentar" ao que já havia. Quem não conhece o que há, arrisca-se a repetir e isso não é evolução ou inovação. A dor de acrescentar o mundo só existe quando o fio epistemológico se apresenta na sua grandeza, na sua soma
PF

Anónimo disse...

2-
o que acontece, na raridade do transe que é suposto acompanhar o acto de arte, é mais o "desconhece-te a si mesmo". digo-o em desfavor da frase atribuida a Sócrates, já que este não foi nunca acometido por pulsões artísticas
pf

Biranta disse...

Venho agradecer as visitas! Ontem não consegui comentar. Gosto da acutilância e profundidade das suas citações que, em poucas palavras contêm o essencial.
Parabéns!

RD disse...

Obrigado Biranta, a ideia é essa. :)
Beijinhos*

RD disse...

poma fidiró, "Quem não conhece o que há, arrisca-se a repetir e isso não é evolução ou inovação" - subscrevo.
Se não houvesse uma orientação por parte de escolas ou universidades, poderíamos aprender tudo em casa sozinhos, mas nunca teríamos leituras tão bem selecionadas ou tão pouco as saberíamos selecionar.
Talvez apenas no caso de possuirmos o daimon dos mestres auto-didactas. Acho importante que se saiba as coisas para não se cair na repetição, sem dúvida.
Isto para qualquer área e bem vejo que a sua é a das artes, e nelas sou uma leiga, apesar de ter alguma afinidade no estudo da estética e gostar, não sei muito mais que me permita passar da mera opinião na sua área.
Contudo, não Sócrates, mas por exemplo Merleau-Ponty, a respeito do "desconhece-te a ti mesmo" diz-nos que a verdadeira criação é aquela que se faz no momento em que deixamos passar o verdadeiro eu duma forma não comprometida. Leia-se sem interesses que não seja esse. Merleau-Ponty é um existencialista, para eles não há separação entre corpo e alma. Há uma espiritualidade que fala com o corpo pela harmonia dos actos. A meu ver é um autor muito interessante.*

Anónimo disse...

Assino por baixo ao nome de Merleau-Ponty, ainda que um pouco às cegas quanto o seu tipo de existencialismo (não sei se será semelhante ao de Kierkegaard - não faz bem o meu tipo - se será mais sarteriano ou virgiliano, estes sim, mais a minha "onda").
Mas já estive a investigar na net e é mais um nome a juntar às compras mensais.
Porém, das obras dele quais a mais emblemática? Ainda são algumas....

RD disse...

http://olhaquedois.weblog.com.pt/arquivo/157374.html
Tem aqui uma boa explicação sobre Ponty. Aconselho-o a ler primeiro que tudo (e munido dum bom dicionário filosófico) as Meditações Cartesianas de Husserl, o fundador da Fenomenologia e creio que ainda chegou a ser professor de Ponty.
Quanto a Sartre, era seu amigo, não é preciso dizer muito mais :)
Não é um existencialismo existencial como Kierkegaard, mas sim uma filosofia existencialista. É também o meu preferido da escola fenomenológica e existencialista. Rapidamente se interessará por Heidegger e Bergson PJG, se essa é também a sua "onda" :)
Obras:
A Estrutura do Comportamento(1942)
Fenomenologia da Percepção(1945) Humanismo e Terror (1947)
As Aventuras da Dialéctica (1955)

RD disse...

A mais emblemática? hum... Fenomenologia da Percepção talvez... Depende PJG, não o quero influenciar até porque quando as li tinha estudo direcionado para certo assunto a tratar. Eu tenho uma pancadinha por Conhecimento e Ética. É melhor ler os prefácios antes de comprar alguma. Não se fique por mim. :)

Anónimo disse...

Cara Rosa Dart,

Leio no blog "As Fabulosas Aventuras de Kavalier & Clay" um comentário seu a um post de PJG em que atribui a autoria e escrita no blog "Quarto com Vista sobre a cidade" a duas pessoas, uma das quais PJG. Acrescenta a Rosa que as tais duas pessoas estão numa de blogar à força.
Ora, eu que me chamo Hugo Rosa e que sou o autor e único indivíduo que escreve no "Quarto com Vista" fico, não diria que ofendido, mas (bem diferente) admirado com as incríveis investigações que algumas bloguistas fazem para descobrir o próximo e que acabam por se revelar vãs.
Lembre-se: o "Quarto" é só meu.
Quanto ao "estar numa de blogar em força", só digo isto: entre 2003 e 2004 pertenci ao blog colectivo "Desejo Casar", que muito sucesso fez na internet, certamente não por mim, mas por muitos dos escribas que por lá passaram. Portanto, não estou numa de blogar em força. Faço-o desde 2003 e, mais do que isso, gosto muito de escrever.
E mais: se tivesse lido alguma vez o blog "Desejo Casar", veria que nessa altura eu escrevia a partir da Horta, à qual eu muito carinhosamente chamava (com conhecimento de causa) "Horta, cidade morta".
Com os melhores cumprimentos,
Hugo Rosa

RD disse...

Por acaso cheguei a passar pelo Desejo Casar, e como pode perceber se fosse minha intenção teria fixado nomes, não por não ser engraçado, bem pelo contrário, tinha a sua piada. Fechou não foi?
Colega bloguista Hugo, eu não fiz investigações, mas não ando a dormir em forma, vou a muitos blogs. E num que vocês os dois tem especial predilecção para o "ataque" (peço desculpa mas não me ocorreu outra palavra), segui o link e fui dar ao seu, onde vi comentários do PJG. Pausa. Depois o PJG passou a ser "cliente da casa" e segui amavelmente o link que me deu e fui ao dele em que você é co-autor. Já tenho a lição explicada e aprendida, mas obrigado pela contribuição na mesma.
Hugo, se esteve na Horta, deveria ter tido a sensibilidade de entender que o "em força" se usa bastante por lá e até por cá, sem qualquer sentido depreciativo. Disse-o porque vos li várias vezes em pouco tempo noutros blogs. E gostei, não pense que não.
Encaminhe esse comentário das pesquisas vãs para o tal blog que sabemos, não para este. Este é um espaço para se comentar textos e pretendo-o sério, tanto é que pouquissímas pessoas amigas sabem que o tenho.
Terei muito prazer em tê-lo com a sua acutilância por cá.
Cordialmente.

Anónimo disse...

Erro meu.

Já havia explicado à R. Dart, que o "Quarto" não é meu, mas do HR e apenas dele.

Por lapso, disse-o apenas neste local, num comentário a um post deste blogue, e não no comentário das "Espantosas Aventuras".

Para que não hajam confusões, ou quaisquer dúvidas: as "Aventuras" têm co-autoria: minha e do HR.
Quanto ao "Quarto" é única e exclusivamente da responsabilidade do HR.

Portanto, HR, erro meu...erro meu!

PS: Cara R.Dart. Não se assute com o nossa predilecção para o "ataque", ou com a acutilância de algumas das nossas palavras. A culpa é da adrenalina que isso provoca.
Imodéstia à parte, na realidade até somos dois jovens simpáticos com trato fácil. A sério. Acredite.


Bom dia de trabalho

RD disse...

Obrigado pela bonita frase Beatriz :)