quinta-feira, abril 28, 2005

Alegoria da Caverna

Platão relata no seu livro A Républica a bem conhecida Alegoria da Caverna. Nela, seres humanos são prisioneiros numa caverna escura onde estão agrilhoados, e apenas podem olhar em frente e ver o movimento de sombras projectadas na parede. A realidade de que se apercebem são apenas essas sombras, nada sabem de si e dos outros. Sucede então que um desses seres humanos escapa das amarras e sai da caverna. Mas regressa para contar aos outros que permaneceram prisioneiros o que é o mundo exterior, o Universo, a Vida. Só que os prisioneiros desprezam tais relatos, acusando o colega "livre" como sendo louco e mentiroso.
Como pode a realidade ser tão complexa quando o que a sua experiência mostra são somente as sombras que se movem e existem nas paredes da caverna?

Sto. Anselmo afirmou Credo ut intelligam que me atrevo a traduzir como Crer para Compreender. Acredito em modelos científicos que poderão dar a chave para formular as perguntas que definem estratégias onde encontrar as respostas e explicações sobre o Universo, mas também acredito que haja muito mais além disso.

Há o excerto da Alegoria da Caverna neste endereço, é pequenino e não maça nada.
Extraído da República, Livro VII, 514a-517c (Ed. Gulbenkian).

9 comentários:

Anónimo disse...

Gosto mais de Aristóteles.

Anónimo disse...

eh eh Só faltou dizer que além de rejeitarem o seu relato, ainda o mataram. Ignorância, fanatismo e tirania - estaremos ainda hoje muito longe desta trilogia? Beijos.

Anónimo disse...

engraçado postares sobre a alegoria da caverna, ainda na sexta feira, de café com os meninos do povo e o vasco falamos nisso... isto anda tudo mesmo muito conectado!!! ;)

RD disse...

Na sua maioria, sou mais aristotélica também, mas não devemos esquecer que Aristóteles foi discípulo de Platão, e que apesar de se ter demarcado do seu mestre, muita da filosofia platónica se perpetuou com ele.
Platão foi um génio tal como Aristóteles. Dois homens que até hoje continuam actuais na maior parte das filosofias contemporaneas.

RD disse...

Foram eles os pais do Conhecimento. Não há nenhum epistemólogo ou filósofo do conhecimento, da mente, da ontologia, da metafísica, da política, da estética, da ética, da linguagem, da hermenêutica, da lógica, da biologia, da física, da matemática ou da química, entre outras, que não tenha lido estes dois senhores e em qualquer leitura vossa encontrarão referências aos mesmos. Se não a encontrarem está implícita, basta saber detectar mas para isso é preciso lê-los.
De Platão leiam a incontornável "República" e todos os diálogos socráticos e platónicos. Lá estão expostas todas as suas teorias.
Como sabem, Sócrates não deixou nada escrito, era um boémio de primeira e gostava mesmo era duma boa orgiazinha acompanhada do líquido divino de Baco nos banquetes, por isso Platão, na maior parte dos seus diálogos relata as conversas de Sócrates.
Sobre Aristóteles, aconselho vivamente a "Ètica a Nicómaco", para mim, das melhores obras de todos os tempos, e a sua "Metafísica" onde estão as bases da lógica. Obras primas. As outras de Aristóteles estão ultrapassadas (biologia) mas não deixam de ser as melhores introduções às obras de hoje, tudo faz muito mais sentido, acreditem-me.
Antes deles dois, se quiserem passar pelas tragédias gregas de Homero, façam-no. São as primeiras da história da estética apesar de só serem teorizadas por Platão.

Ocorreu-me agora que era muito giro fazermos qualquer coisa do género, de irmos lendo uma obrinha por mês em comum, e virmos discuti-la para cá!
O que acham da ideia?
Começávamos pelas tragédias ou alguém tem sugestões?
Aguardo ideias amigos!
Beijos.

«« disse...

sempre que encontro uma pessoa dificil de entender lembro-me dessa "história"...uma estratégia que j´+a me fez aprender coisas com pessoas que nunca esperava aprender nada...aprendi isso com o meu professo de filosofia de 11º ano...há mais de vinte anos...imagine...que ele faltava à 2ª feira, sempre que o maritimo jogava ( se perdesse bebia para esquecer, se ganhasse bebia para festejar)...mas era muito rico nas mensagens...pelo menos para mim e para um grupo de alunos do futebol....mas que passavamos noites à conversa com ele, enquanto os outros estavam vendo as psicadélicas das discotecas. Quando estive na Madeira tive a noticia da sua morte prematura...e correu-me uma lágrima...grande homem

RD disse...

Já agora, aproveito para vos dizer para passarem pelo blog da LN, o Conversamos, e leiam:

http://conversamos.blogspot.com/2005/04/ponto-p-de-flor.html#comments

Vem muito a propósito de muita coisa que se fala por aqui também.
Beijos a todos.

Vítor Leal Barros disse...

rosita, vais por-nos todos a ler os clássicos... que bom! sempre tive vontade de o fazer, mas assim com um empurrãozito a coisa vai melhor...concentramo-nos mais...
bem, gostei da sugestão da beatriz e tb gostei da tua de começar pelas tragédias... se isto for para a frente avisa... beijo

podíamos era esperar pela feira do livro, que está aí a chegar, sempre davamos uma ajuda á carteira e tinhamos possibilidade de comprar as obras todas...

vai dando notícias

RD disse...

Que bom, adesão à ideia! Já somos 3. :)
Beatriz, a República de Platão é gorda e grande, hihi. Eu queria lá chegar claro, mas por mim podemos começar por ela na boa, só tinha pensado nas tragédias para começar porque são fininhas.
A sério, da minha parte fiquem à vontade. Giro é que se faça uma leitura filosófica por mês. Cada um faria uma breve análise escrita (aceitável como tamanho de post) e mandavam-me por email. Assim postava-as cá e íamos enriquecendo a leitura com mais perspectivas e comentários! Parece-me bem.
Vou postar e sugerir.
Até já. :)