sexta-feira, maio 06, 2005

Sofistas

Com o Trívio (gramática, retórica e dialéctica), implementado pelos sofistas, há uma convergência ao uso da palavra, como a política era a mais importante função a desempenhar, tinha-se que trabalhar o dom da palavra.
O corpo era para os gregos também muito importante, dá-se muita importância á estética, pois o corpo pertence ao conjunto total do homem e como tal, era cultivada a ginástica em particular e os restantes desportos em geral.
Para os sofistas não há uma verdade única que a todos se imponha, a verdade é relativa. As coisas são pelo indíviduo e para o indíviduo. É por esta posição que os sofistas ganham má fama porque todos os filósofos da época procuravam a verdade e estes não a reconhecem como realidade em si, dizem apenas que a verdade é em função do sujeito.
Há nesta época uma crise de valores. O político não tem verdades, tem adequações e impera o consensualismo, ou seja, o que é melhor para a cidade (pólis) no momento.
Relativismo e consensualismo são normalmente os índicios de crise. Uma ética consensual é muito perigosa, pois torna-se difícil avaliar alguma posição através de maiorias, tal como é o exemplo do aborto no nosso tempo. Pensemos: Haverá consenso no referendo do aborto? Não, não enquanto a diferença fôr mínima, pois não pende decisão maior para nenhum dos lados.
O universalismo ético com todas as verdades absolutas, era, para os sofistas, impossível de ser vivido porque trazia fundamentalismos e impossibilidades de vivência. Surge assim, o racionalismo livre com os sofistas.

15 comentários:

Anónimo disse...

O que acho graça é que da palavra "sofista" - exactamente esse mestre grego da arte da argumentação e eloquência, que apresentava essa posição relativa quanto às atitudes e ao conhecimento, como bem explicas- se tenha avançado para a palavra "sofisma" - que hoje significa um argumento intencionalmente falso, mas que aparenta ser verdadeiro, no fundo, com que se pretende enganar o próximo.

Como teremos chegado aí? Mistérios linguísticos...

RD disse...

Precisamente. Não há mistério amiga, vem mesmo daí.
Etimologices ;)

RD disse...

Achei que esta «saga» que ando a postar tem o seu interesse para que se faça uma ponte até à contemporaneidade... e se tente entender a política de hoje, entre outras coisas. ;)

Anónimo disse...

Os sofistas representam aquela maioria auto fascinada, que identifica a razão e a verdade com a força dos números, impondo uma lógica através de discursos hábeis e falaciosos, repletos de armadilhas retóricas vocacionadas a conquistar a simpatia de uma multidão permeável. Existem demasiados sofistas no mundo... Beijinhos.

RD disse...

Beatriz, assim de cor, parece-me que tens "A República" de Platão já em mãos, não é?
Se já a tens, pode ser ela mesmo a nossa primeira leitura, ok? Os próximos posts vão ser sobre algumas bases de Platão.
Vitor e quem queira, tentem arranjar a obra numa biblioteca, concerteza que não vão comprar tudo. Pode ser? :)
Bjinhos*

RD disse...

Vasco, é aqui que a lógica entra - para detectar erros nos discursos eloquentes e falaciosos. Um dia posto aqui umas coisas que vocês vão dizer: olha... é o que eles fazem!... ;)
Malandrices dos retóricos ocos, é o que é. Eles são espertos, tolos somos nós por não detectarmos mais e contrapormos pela lógica.*

Vítor Leal Barros disse...

rosa, já tenho a república de platão nãs mãos... assim que acabe o livro que estou a ler começarei então por platão... desculpem mas não gosto de ler mais do que um livro ao mesmo tempo, a não ser que seja de poesia...

acho que em relação a esta coisa de lermos as obras em conjunto deveria criar-se um blog colectivo, com password acessível a todos, e cada um, consoante a sua disponibilidade, colocaria posts à medida que fosse lendo, sendo esses posts comentados pelos restantes ou contrapostos com novos posts. funcionaria um pouco como o Leitura Partilhada, não sei se conhecem... assim evitariamos invadir os blogs pessoais de cada um com assuntos que talvez apenas a nós nos dizem alguma coisa... há pessoas que vão ao marketing, ao poesis e ao povo, que não terão vontade nenhuma de discutir sobre os livros que andamos a ler, portanto algo independente aos blogs pessoais parece-me uma boa sugestão... fico á espera da vossa opinião

beijo

António disse...

Não li o teu blog.
Parece-me que requer muita atenção.
Por isso vou linkar-te para o poder ver com a calma necessária.

Vim aqui agradecer a visita que fizeste ao meu e dizer-te que me parece teres percebido bem aonde eu queria chegar ao elogiar alguns aspectos do antigo ensino primário.
Quanto ao outro assunto: se não jogas a dinheiro não tens problema nenhum.
Os dramas só acontecem a quem arrisca muito, quasi tudo, tudo.
Jinhos

RD disse...

De nada Micróbio. :)

Vitor, sim. A ver se nos encontramos no messenger para falarmos melhor sobre isso.
Beatriz, manda-me um email porque já não tenho o teu desde que o meu pc deu o berro. Quero falar ctg.

Desculpem-me mas ando completamente cheia de trabalho. Mal possa retomo a rotina.
Beijos.

Anónimo disse...

António, espero que tenhas percebido quem sou. Espero por ti nos dois lados. Um beijinho.

Anónimo disse...

"O universalismo ético com todas as verdades absolutas, era, para os sofistas, impossível de ser vivido porque trazia fundamentalismos e impossibilidades de vivência. Surge assim, o racionalismo livre com os sofistas"

Concordo plenamente. É por isso que no dia 28 de Maio vou ver os NEW ORDER.

António disse...

Com esta é que tu me lixaste!
Então a R. Dart é a Rosa Gado Bravo.
Não fiz nenhuma correlação.
Surpresa total!
Este Blog parce-me muito "profissional" nos assuntos tratados e na forma de os abordar.
Sabes que a minha formação académica é muito diferente, por isso linkei-o para poder ler quando tiver pachorra.
Jinhos

Anónimo disse...

Quem? Quem? @)

Anónimo disse...

Ora ai está...verdade? que verdade? todo absolutismo cai na ditadura, relativismo seria sinónimo de aceitação de diferenças...posição muito perigosa para a nossa querida igreja em que a verdade seria transmitida de cima para baixo. Um Papa infalível, conhecedor das verdades divinas. Jka Gde

Anónimo disse...

A igreja é apenas uma instituição como outra qualquer. Quem não acredita nela não se deve incomodar. Passando a igreja, o que me dizes de aceitarmos as diferenças dos terroristas Pedro? Sim, são tão legítimas como quaisquer outras. Nem todos os terroristas agem por defesa a uma causa religiosa. É relativo? Devemos aceitar? Bom, ao menos a igreja não prejudica ninguém.
Defendo-a não porque acredite nela, serve apenas a título de exemplo.
Uma verdade absoluta para mim é o valor da vida, e isso não há quem me convença do contrário, mas para que seja respeitado terá que haver um substracto comum a todos.
Foi o que Locke tentou com a sua carta da tolerancia, e sim, não é relativa nem absoluta. É consensual e humana.
Não temos que andar a oscilar entre extremos de relativismos eabsolutismos, há meios termos saudáveis.
Um beijinho