terça-feira, janeiro 24, 2006

Conjugar Verbos

Deixo-vos uma sugestão.
Em caso de dúvidas na escrita, mais que não seja para aqueles que se preocupam minimamente com isto, até porque cultura não é só informação, é também saber usar a nossa língua - e já que por aqui todos se lêem uns aos outros, aprendendo (... ou desaprendendo) com isso - faz sentido apelar à responsabilidade em primar pelo mais correcto, e já agora, incondicional e/ou implicitamente, prestar um bom serviço público.
Encontrei este link sobre a conjugação de verbos, que é uma das nossas «desgraças» mais frequentes. Não está muito completo, e por tal, não deve dispensar a leitura a uma gramática, mas já é qualquer coisa para os entretantos.
Muitas vezes se lê, por exemplo: «andasse» em vez de «anda-se» ou vice-versa (entre outros verbos).
É frequente trocar-se o Imperfeito do Conjuntivo (andasse) pelo Presente Indicativo (anda-se) de verbos reflexos (aqueles onde recai a acção no sujeito: «eu lavo-me»; «tu lavas-te»; ...) ou trocá-lo pelo uso da particula apassivante «se» (por exemplo: «Em Portugal anda-se mal»), que substitui uma entidade indefinida.
Também me estive a informar com a Gata Preta que disto sabe muito mais do que eu!
Bom uso e aproveitem para dar uma vista de olhos e tirar dúvidas.

11 comentários:

Anónimo disse...

Mais interessante que o Priberam - que é apenas um dicionário on-line - é o ciberduvidas.sapo.pt. Os seus responsáveis são insuspeitos quanto à competência, e é um sítio muito bem elaborado com uma riqueza inaudita.
E ainda por cima à borla.

A conjugação dos verbos não é difícil (na minha opinião, a confusão deriva ou de um "lapsus calami" ou da mera inépcia de quem escreve), muito menos a aposição de pronomes. Já se falarmos de verbos com duplo particípio passado, aí sim, o uso da gramática revela-se-me a mais das vezes necessário.

"Saber escrever Saber Falar", EDITE ESTRELA (et.al.), "Compêndio de Gramática Portuguesa", NUNES DE FIGUEIREDO (et.al.) ou O "Prontuário Ortográfico" de CASTRO PINTO, eis alguns livros indispensáveis para quem lida com a palavra escrita.

PS: Ironia do destino, na minha opinião a frase "não deve dispensar a leitura a uma gramática" não está correcta: a preposição "a" não deveria ser "de"?

RD disse...

Confesso que até tive algum cuidado a escrever o post precisamente por causa dos ps's dedicados a «ironias do destino», mas há sempre olhos bem atentos... e ainda bem que assim é.

Sobre o site, não lhe retirei mérito (até porque não o explorei todo), apenas disse que é sempre bom recorrer a uma boa gramática. Aproveito para agradecer as suas sugestões. :)

RD disse...

As TUAS acutilantes opiniões, Paulo. ;)

Vítor Leal Barros disse...

esse erro entre o Imperfeito do conjuntivo com o pronome reflexo do presente indicativo é muito comum...by the way...o priberam é um óptimo dicionário on-line... muito bem em puxar as orelhas aos meninos e meninas...hehehe

Caiê disse...

Nunca recorro a instrumentos "online" para dúvidas do português, porque prefiro os (ainda que hoje, eventualmente, fora de moda) livros. Os verbos abundantes (ou verbos com duplo particípio passado) não são um quebra cabeças assim tão grande. Existe uma regra geral que é a de usar o particípio regular com o verbo ter (eventualmente haver, embora esta estrutura não seja muito comum no português actual) e o irregular com os verbos ser ou estar, o que equivale a dizer que vai usar a forma regular para os tempos compostos, por exemplo mais que perfeito composto ou pretérito perfeito composto do indicativo, e a forma irregular para a voz passiva. Certo é que em muitos destes verbos abundantes, a forma regular está a cair em desuso! Por exemplo, no verbo ganhar... Quantas pessoas, o anónimo conhece dizem "Tenho ganhado muito dinhieor ultimamente..." Nestas coisas, como em todas, é o USO da língua que a torna viva e, em última instância, correcta.
Peço desculpa de não indicar gramáticas de referência, mas estou a flar de cor. Isto faaz parte da minha profissão, e, logo, tenho obrigação de saber as coisas, sem andar "ó tia gramática... " eh eh eh! Mas em qualquer livro (ou site) se encontram...

Caiê disse...

Ups... deve ler-se * muito DINHEIRO ultimamente
* FALAR de cor
* FAZ correcta

computadores ;)

Anónimo disse...

"Quem navega entre dois males navega bem".

Não sou um purista da língua, mas também não defendo pragmatismos exacerbados. Caso contrário, a lingua descaracteriza-se. E isso não se aplica só ao português mas a todas as línguas. Daí eu aplaudir atitudes como as da língua espanhola e francesa, não por pedantismos nacionalistas, mas por amor à lingua.

Que raio, em primeiro e em último lugar é a língua que nos caracteriza.

Se é o uso que faz a língua (sobre)viver, porque não usá-la correctamente?
Invocar o USO como forma de escamotear erros gramática - é certo que não serão preciocismos como os verbos com duplo particípio passado - não me convence.

Como também não me convence o argumento de autoridade " digo isto porque trabalho nessa área". Isso não é fundamento, com o devido respeito, claro.

Ver jornalistas na TV a dar as bacoradas de todos dias (a maioria com cursos de comunicação), faz-me sentir vergonha alheia.
Não que eu não dê erros de português, mas na dúvida vou à gramática.

E assim se vai aprendendo a USAR a lingua.

RD disse...

Ora bem. :)

Caiê disse...

Mas não é um erro, aí é que está... :)
Hoje já se considera correcto que se use o particípio irregular de determinados verbos (usei o exemplo de "ganhar", mas há outros, como "pagar", por exemplo) mesmo com o auxiliar "ter". A verdade é que o particípio regular de determinados verbos abundantes caíu em desuso nas últimas duas décadas e, logo, deixou de ser considerado erro usar o irregular nas situações que referi.
Aliás, se assim não acontecesse, as línguas nunca evoluiriam... Por isso, é que temos línguas VIVAS e não mortas. ;)


Quanto ao trabalhar na área, do mesmo modo que você vai ao médico quando está doente (porque ele sabe mais desses assuntos), é natural que quem trabalhe na investigação da língua tenha a obrigação de saber um pouquinho mais dela... ;)

Anónimo disse...

Correcto.

Ainda assim:

Nas minhas 3 gramáticas, a saber (e pela ordem que apresentei acima): de 2004, 1974 e 2000, constam os verbo com duplo particípio, pelo que, precisamente por ser leigo na matéria e por esses manuais alvitrarem o emprego dos ditos verbos duplos, continuo a achar que é um erro (ainda que muito tolerável, a roçar a impertinência, é certo). Corrijo: erro não, antes irregularidade do "regular" (ironia das ironias, não acha?).

Não estamos a falar de aramaico ou algo que o valha.
Se quiser por as coisas entre teoria vs. prática eu digo, à laia de plágio, "nada mais prático do que uma boa teoria".

Depois, para triplicar a última observação, não contesto o princípio da especialização dos saberes. Mas se um médico me dá um diagnóstico com o fundamento de que "eu percebo disto", a primeira coisa que faço é pedir uma segunda opinião...mas como se fosse a primeira, entenda-se!

Ou seja: se se percebe realmente da área que se fala ou escreve, que se fundamente, pois isso certamente não será nada difícil, correcto?

Não sou linguista, já o disse. Logocentrista, também não. Desconstrutivista, muito menos. Auto-didacta sim, mas até onde posso chegar.

Uma relação saudável com a palavra é bom e recomenda-se, pois pode evitar muitos constrangimentos.

Mas isso deve saber. Tal como esta frase ter sete palavras - ou nove!

RD disse...

È um post em abstracto para quem lhe quiser dar bom uso. :)
Não sou uma purista e sei que por defeito de formaçao tenho alguns cuidados filológicos. Gosto do que dizem as palavras, do seu conteúdo, e primo por usá-las bem. Quanto as estes verbos é uma coisa muito comum por cá, daí o meu «moralismo» como possam pensar os mais sensíveis. ;)
Abraço Carlos.