O Renascimento ou Renascença, foi um período de renovação científica, literária e artística, vulgarmente considerado como iniciado no séc. XIV e prolongado através dos sécs. XV e XVI e portanto, não è fácil de definir o termo Renascimento, porque è uma época histórica caracterizada por várias mudanças em variados planos. Tentar caracterizar este movimento histórico seria perdermo-nos em opiniões, visto que entre historiadores e filósofos as opiniões ou abordagens são tão variáveis quanto extensas.
O Renascimento, tem que ser entendido e analisado, tendo-se em conta todas as mudanças que surgiram nesta época separadamente, e tentar, por sua vez, incluir num todo a variedade ou abundância dos aspectos intelectuais de um dado problema, com a força interior e energética que tem esta nova visão e que integra esta variedade sem a reduzir à semelhança.
Encontramos estas características da época, já acima mencionada, na grandeza das apresentações diferentes de manifestações de pensamentos, principalmente nos diálogos, que eram a forma de expressão literária privilegiada durante o Renascimento.
A observação da Natureza atribuída ao Renascimento não é correcta, apesar de ser frequente encontrar-se esta ideia nos manuais de História. Esta reflexão explicativa da Natureza, que consequentemente deu origem ao método experimental, não teve o seu início em época exacta. Desde sempre o Homem e a Natureza estiveram em constante trato ou relação.
A verdade è que, o Homem do Renascimento, ‘mergulhado’ no princípio do pensamento inspirado pelos textos tradicionais de Aristóteles, das obras de Platão que começam a assomar, e dos documentos falsamente atribuídos aos Pitagóricos ou a Hermes Trimegisto, “começou por falar demais, sem escutar suficientemente a resposta das coisas”, ou seja, os homens do Renascimento viraram-se para a Natureza amando-a, mas sem nunca a conhecerem verdadeiramente.
A Hermética è um discurso fechado, de forma consistente e bem guardado, mas obscuro e ininteligível, que diz respeito às artes esotéricas, como a magia e o ocultismo. É também nesse domínio invisível que o Homem pode descobrir o mundo. Para alguns autores da época, a magia era mesmo a verdadeira ciência e só ela poderia estabelecer a relação entre o visível e o invisível.
O Homem pode descobrir as características mais intímas e relações entre as coisas do macro-cosmos, de descobrir os segredos do Universo. Este Homem do Renascimento afirmava-se como micro-cosmos dentro do macro-cosmos.
Havia no Renascimento oposição à Escolástica, procurava-se uma verdade total e todas as formas de conhecimento eram consideradas.
A Antiguidade era vista como uma perfeição absoluta e reencontrar a perfeição das coisas è a prioridade do Renascimento, a procura da natureza mais intíma e mais autêntica do Homem, queriam no fundo ser movidos pelas mesmas intenções dos gregos e a melhor influência foi a de Platão com o seu Humanismo.
A verdade no Renascimento era uma mistura de vários sistemas mas que se complementavam e nem por isso se excluíam, a verdade sincrética è uma união de teorias ou sistemas, que portanto se complementavam e para se falar de uma realidade eram necessários todos estes sistemas.
A forma Cristã de olhar para a Natureza cai por terra. A Natureza aparece no seu esplendor, por si mesma, vale por si e não porque Deus a criou para os homens.
Como a Natureza se tornou imprevisível, não pode ser estudada pelas leis ou regras, seria uma contradição.
Há um naturalismo estético e mágico e não científico ou racional. A Natureza nunca è reduzida ao esquema de leis e regras. O seu dinamismo è uma força mágica de produção e transformação e ela pode ser comunicável aos magos e mágicos que a podem desvendar.
É então por tal, que o Homem do Renascimento começou por falar demais, sem escutar a resposta das coisas, porque o Homem do Renascimento recusou inicialmente a experimentação ficando-se pela observação, mas nunca de uma forma pioneira, apenas de outra forma, pelo sincretismo. È, uma ilusão que tenha sido o Renascimento a tomar contacto directo com a Natureza, o Renascimento simplesmente elimina a representação da Natureza que era tradicional há vários séculos e constrói outra representação da Natureza deixando a marca do seu génio, próprio da época.
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