Pascal discorre sobre a importância de caminhar para Deus ou escolhê-Lo. Defende que a vida terrena não tem importância nenhuma comparada com a infinitude ou vida além da morte e, que é no entanto, para nós desconhecida.
Faz um paralelismo entre o infinito matemático e o infinito teológico para provar que apesar de sabermos da existência do infinito nos números, não podemos saber se este seja par ou ímpar e, consequentemente sabemos que existe Deus, mas que Ele não pode ser conhecido pela razão, apenas pela crença, pela fé. Acreditava que o conhecimento científico fosse necessário e universal mas que nem tudo pudesse ser conhecido pela matemática. Há determinados factos na natureza que são distintos dos domínios racionais, estes não deixam de ser compreendidos mas podem ser conhecidos por outras formas, nomeadamente pela experiência e pela crença.
O limite da razão deve consistir em termos noção que há uma infinidade de coisas que não podemos conhecer e que só podemos é reconhecer isso mesmo, os nossos limites racionais.
Não pode ser provada a existência de Deus pela razão, pois esta nada pode determinar por ser insuficiente, por ser apenas metade da natureza do homem, e assim temos que fazer uma escolha pela melhor probabilidade, para superar o facto da vida ser incerta, de estarmos perdidos, e então devemos arriscar e apostar em Deus para ganhar a vida eterna.
Pascal diz que temos sempre que apostar porque já estamos ‘embarcados’ na aventura da vida, e uma vez que é preciso escolher e mediando as hipóteses, temos duas coisas a perder: a verdade e o bem, e duas coisas a empenhar: a razão e a vontade e o conhecimento e bem-aventurança.
Como temos que evitar o erro e a miséria, a razão não fica penalizada porque teria que escolher na mesma, e não escolhendo Deus ou escolhendo não escolher, não perde nada, enquanto que considerando a possibilidade de Deus existir e escolhendo-O, escolhemos a felicidade eterna.
Diz Pascal que “todo o jogador arrisca com certeza para ganhar com incerteza”, querendo isto dizer que é mais do que certo termos que escolher, por já estarmos ‘embarcados’, e ganhamos na vida terrena porque esta opção será a que nos fará viver melhor e em conformidade com Deus, mas nunca saberemos se será certo para além da morte porque Deus é no fundo, uma incerteza.
O homem para Pascal tem que se transcender, sair de si depois de se conhecer e assim caminhar para Cristo, para Deus. Cristo é a única forma de comunhão com Deus. Como a morte é um enigma e a vida após a morte também, há que jogar com isso e é neste texto que Pascal nos coloca a questão de decidirmos se acreditamos em Deus ou não.
Como atrás é referido, no caso de não acreditarmos podemos viver como nos aprouver, e pelo contrário, se acreditarmos deveremos viver da melhor forma conforme Deus para nos aproximarmos d’Ele na morte que é eterna.
Há em Pascal uma grande procura pelo sentido da vida, pelo destino e pela eternidade e o homem precisa de mais do que apenas espírito, corpo e razão, é necessário que haja os três em harmonia para que o homem se cumpra e cumpra o seu destino que é a entrega a Deus.
No final do fragmento, o autor realça o facto de devermos fazer o esforço de diminuir as nossas paixões porque estas enebriam a nossa capacidade de usar a razão e de apostar, diz-nos que devemos sempre apostar porque não temos nada a perder e que a aposta no caminho de Deus é a melhor, porque é o caminho mais correcto para ter uma vida que nos aproxime de ganhar a eternidade.
A eternidade é no fundo apenas o que interessa, visto que a vida terrena é apenas um trilho para a verdadeira estrada.
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