segunda-feira, maio 16, 2005

Discussão em Popper

«A verdade é difícil de alcançar. Para tal requer-se engenho, ao criticar as antigas teorias e engenho na invenção imaginativa de novas teorias. Isto passa-se não só nas ciências, mas em todos os campos."


Karl Popper, O Mito do Contexto, pp.67

20 comentários:

Anónimo disse...

Assino por baixo

«« disse...

eu tb

Anónimo disse...

acerca da tolerância, Rosa?

concordo 100%

Anónimo disse...

Tão claramente exposto que até se torna desarmante. Gostava de ter sido eu a escrever este texto. Beijinhos Rosa.

Anónimo disse...

eu é que o escrevi mas ele é que o pensou, hehe.
estou numa fase popperiana agora, é típico de quem lê muita filosofia. ainda vou ver se vos massacro mais um pouco com ele.
beijo

Anónimo disse...

Sim, o texto é extraordinário. Também gostei desta citação microbiana em comment acima do meu. ;)

dinorah disse...

Adorei o texto e a simplecidade com que expões esta "verdade". Seria tudo tão mais simples se fossemos felizes apenas pela capacidade de poder ser convertido a outras verdades que não a nossa. Penso que a maioria das pessoas deve achar que é "mau" ser convertido e ter de admitir a falta de razão e talvez não perceba que a maior felicidade está em aprender coisas novas e passar a ter uma nova "razão". Para isso: vivam as discussões! (as ditas racionais!)

bjs

dinorah disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
dinorah disse...

Ops! Só agora reparei!
Onde se encontra a palavra "simplecidade" deveria estar "simplicidade", claro!!
;)

Anónimo disse...

... desculpem a intromissão neste mar de concordâncias: quer dizer então que, humildemente, voltamos a voltar à crítica da verdade anterior (aquela que, contiguamente anterior admitimos, humildemente não possuir...) e assim por diante!
O mundo "anda" mesmo assim ou temos é falta de admitir a "nossa" verdade?! ... é que parece que ela não é alcançável (pelo que aqui se expõe)... será mesmo causal esta nossa estada aqui?!

PS - (desafio II já que o I na foi sequer comentado com um "ponto de qualquer coisa") LOL

Anónimo disse...

Eliseu, deixe-me cá ver se entendi o seu comentário: já saímos de Popper ou ainda estamos em Popper?

Respondendo-lhe dentro das minhas convicções pessoais, o que penso sobre a sua reflexão é -> sim.
Mas uma coisa não implica ou condiciona outra. Penso eu.
- Se considero o conhecimento como um processo dinâmico e em aberto, (pré)disponho-me a novas propostas que venham em sequência das minhas exigências e inquietações, e, não desprezando de forma alguma as que não venham - há que considerar tudo, senão o conhecimento pode tomar um rumo pessoal e até dogmático, e aí sim, cai-se em extremos prejudiciais. Tem que haver constante adaptação, do género das "actualizações automáticas que fazemos nos pc's". :)
Ora, isso significa que posso perfeitamente ter a "minha verdade" que é não mais do que o que sou agora - o meu "sendo" presente. Suponho também, que quem diga que não, se prenda a medos de juízos de absolutismos, o que é uma falácia. Ter-se uma verdade não implica que ela não seja mutável e aberta, como nos prova a vida em si. Assim, indo de encontro ao seu comentário, devemos ser críticos de nós mesmos de forma a manter em aberto essas nossas verdades, entendendo que não são absolutas e percebendo que o que é verdade agora já pode não o ser amanhã - mas a que há agora - é a verdade actual. Sempre em devir... e assim por diante! ;)
O mundo "anda" ou evolui assim, e ainda bem, porque é sinal que somos perfectibilizáveis, creio eu.
Se essa verdade é alcançável? Diria que "de grão em grão enche a galinha o papo", aos poucos vamos evoluindo e isso só depende de nós, de uma causa exterior (?) pode ser, mas essencialmente duma vontade que serve de motor para se chegar mais longe.
Não gosto de dizer que hajam "verdades relativas", prefiro pensar em nós como humanos que se estruturam autonomamente.
O relativismo tem muitos perigos, um deles é acabar por não permitir discussão a maior parte das vezes, porque nele, as verdades acabam por ser consideradas absolutas. Cada um vira costas e para a frente é que é caminho. Eu não acredito nessa evolução individual "a seco", acredito na que se faz individualmente mas com consciência social e portanto, dentro duma humanidade.
Mais, se aceitarmos a nossa "estadia" por cá como irredutivelmente finita, temos 2 hipóteses: fazer dela o melhor possível ou não.
A esperança está sempre na pessoa.

Já estou em desabafos e não sei bem se respondi ao que me perguntou. Tb não percebi o seu "ps".
Adios e come back com esse espírito inquieto.

Anónimo disse...

A causa poderá ser o Bem Comum para mim, e para outro poderá ser o Bem Individual, posso preferir o eudemonismo ao hedonismo, posso agir por interesses ou não. A causa muda de pessoa para pessoa e muda tudo com isso.
Se muda tudo o que poderá estar na base dessas escolhas? Haverão umas mais legítimas que outras?
O que nos levará a agir de formas diferentes? Talvez por ausência de tolerância, talvez por tolerância a mais, talvez a falta de sentido de humanidade, talvez a falta de amor e respeito pelo próximo, talvez a ausência de consciência social, talvez qualquer coisa.
Fazer o quê? Estarmos indiferentes a tudo e deixarmo-nos levar pela passagem efémera, ou interagir para ajudar a fazer disto um lugar melhor? Valerá a pena alguma coisa?
Não sei nem há "kits de verdades" no hiper, mas acho que "a ignorância é a culpa de todos os males".
*

Anónimo disse...

"O Universo é a esfera de Parménides feita da água de Heráclito" Pascoaes

O Ser e o Devir.
Partindo do princípio que aceitamos isto, porque não pensar que o próprio conhecimento humano também não sofre um processo similar?
Ser não é também pensar?
Se sim, não devemos preocupar-nos como melhor fazê-lo?

Admitindo a "nossa verdade" (já trazendo Popper à conversa com o seu método crítico) e através da racionalidade do diálogo em trocas de ideias, não chegaremos mais longe, ou a uma aproximação duma melhor verdade, uma verdade mais inteligível? Popper acha que sim e não só no desenvolvimento da ciência, em tudo.
E o Eliseu o que acha? :)

Anónimo disse...

sinceramente, rosa, não esperava merecer um tão longo comentário. Obrigado pela seriedade (tá cada vez mais escassa, sabia?!)...

quanto ao que acho... digo-lhe sinceramente que mais não sei que perceber que se há forma de ser e devir é a da linguagem poética - não aquela dos versinhos de "ai ai que me dói a mente e vamos lá a parir uma ideia gira" mas aquela que nos não deixa fixar nenhuma "coisa" porque haverá sempre "coisas" a dizer sobre a "coisa"!

PS - cá pra mim tive um ataque de ai ai que me dói a mente!

RD disse...

Até coro. Obrigado eu por interagir.
Acho que sim, que a seriedade rareia, mas se a apreciamos não devemos desmoralizar.

Sabe, eu normalmente não gosto de poesia, mas estou a perceber a sua ideia, e, muito sinceramente digo-lhe que nunca tinha pensado nisso dessa forma e faz-me sentido.
Será aproximadamente como o que Pascoaes dizia da filosofia-poética ou poética-filosófica? Se sim, dessa gosto porque sei que há substracto com "sabor". É uma poesia que tapa e destapa, que "entre-mostra" e que o poeta sabe que no fundo pouco pode ser dito.
Há poucos Pensadores assim que escrevem poesia, e deles gosto, entendo o horizonte de sentido deles. Dos outros que fazem brainstorming para vender com meia dúzia de batatas, e, efectivamente, vendem - o que não é difícil (!)- não gosto, odeio mesmo. São, como Antero diria, "os artistas da palavra". ;)*

Anónimo disse...

... de facto o que me pergunto ainda é de que modo a poesia é o lugar da concórdia das coisas... pela mão de Natália, de Pascoaes (belo par)e de Agostinho (não se surpreenda!) encontrei lugares com que, afinal (e vou ser crucuficado!!!), nem Antero sonhou! 'Tou convencido que derivado da sua obssessão pela filosofia... UPSSSS

RD disse...

Hum... ainda bem que os encontrou. Eu ainda nem por isso, não pela poesia.

«'Tou convencido que derivado da sua obssessão pela filosofia...»

Pois talvez. Mas continuo a achar que há filosofia mais poética que muita poesia. ;)

RD disse...

... sou uma potencial obcecada! hehe.

Anónimo disse...

desculpe estragar-lhe o "pensamente"... é que o "sua" era dele, Antero!

Anónimo disse...

A primeira vez que li, por acaso, interpretei assim, mas reparei que era dele e respondi sabendo que se referia a Antero. A minha resposta visa isso. ;)
Há que manter a antena ligada.
Um beijinho e bom fim de semana.