segunda-feira, julho 04, 2005

A Moda nas Democracias

(...) a forma moda que analisamos não é antitética do «racional», a sedução é já em si, em parte, uma lógica racional que integra o cálculo, a técnica, a informação, próprios ao mundo moderno; a moda acabada é o que celebra as núpcias da sedução e da razão produtiva, instrumental, operacional. De modo nenhum uma visão dialéctica da modernidade afirmando a realização progressiva do universal racional pelo jogo contrário das inclinações particulares, mas a potência da autonomia de uma sociedade ordenada pela moda, aí onde a racionalidade funciona com a efemeridade e a frivolidade, onde a objectividade se institui em espectáculo, onde a dominação técnica se reconcilia com o lúdico e a dominação política com a sedução. Depois, não aderimos sem reservas à ideia do progresso das consciências; na realidade, as Luzes avançam, indissociavelmente misturadas as seu contrário, o optimismo histórico implicado pela análise da moda deve ser acantonado em estreitos limites. Com efeito, os espíritos no seu conjunto são mais informados mas mais desestruturados, mais adultos mas mais instáveis, menos «ideologizados» mas mais tributários das modas, mais abertos mas mais influenciáveis, menos extremistas mas mais dispersos, mais realistas mas mais imprecisos, mais críticos mas mais superficiais, mais cépticos mas menos meditativos. O acréscimo de independência nos pensamentos caminha a par de mais frivolidade, a tolerância é acompanhada de mais indiferença e de relaxação na coisa pensante, a Moda não encontra modelo adequado nem nas teorias da alienação nem nas de uma «mão invisível» optimal, não institui nem o reino da despossessão subjectiva final nem o da razão clara e firme. (...)
A Moda produz inseparavelmente o melhor e o pior, a informação vinte e quatro por vinte e quatro horas e o grau zero do pensamento, e cabe a nós combater, pelo nosso lado, os mitos e os apriori, limitar os malefícios da desinformação, instituir condições para um debate público mais aberto, mais livre, mais objectivo. Dizer que o universo da sedução contribui para a dinâmica da razão não condena ao passadismo, ao «tudo vai dar ao mesmo», à apologia beata do show business generalizado. (...)
Em todo o caso, e ao contrário dos estereótipos com que a enfeitam, é a idade da moda que mais tem contribuído para arrancar o conjunto dos homens ao obscurantismo e ao fanatismo, para instituir um espaço público aberto, para moldar uma humanidade mais legalista, mais madura, mais céptica. A moda acabada vive de paradoxos: a sua inconsciência favorece a consciência, as suas loucuras, o espírito de tolerância, o seu mimetismo, o individualismo, a sua frivolidade, o respeito pelos direitos do homem. No filme de alta tensão da história moderna, começa~se a perceber que a Moda é o pior dos argumentos à excepção de todos os outros.

Gilles Lipovetsky, O Império do Efémero - A Moda e o seu destino nas sociedades modernas.

22 comentários:

gm disse...

boa boa, e da conjugação desses mais e desses menos aplicaria a velha fórmula matemática (positivo mais negativo dá ...negativo)!:(
Foi ouvir a OML?

RD disse...

Bom seria se desse para aplicar o princípio da não-contradição mas não dá mesmo. É negativo o saldo sim.

A OML foi sábado aqui ao ladinho de casa no Teatro, mas não pude ir mesmo :(
Vi "Las Guitarras Locas" e se o Guilherme gosta de guitarrada compre o CD deles que vale a pena. Muito bons.

Anónimo disse...

Complemento
«Se o homem deve respeitar a sua própria vida, deve não manter-se vivo mas também abster-se de toda e qualquer forma de intemperança, zelar escrupulosamente pela preservação do seu corpo, "conservar-se na perfeição da sua natureza" (Kant): eis o credo da nossa moral individual que, na sua época ascendente, deu, por toda a parte, lições de higiene, elevada ao nível de imperativos éticos superiores. Até meados do nosso século, a limpeza e a higiene foram prescritas como deveres de cada um para consigo próprio, os manuais de moral escolar, a literatura filantrópica, os tratados de higiene popular fixavam, com precisão e solenidade, os imperativos de limpeza corporal, as obrigações de higiene relativamente ao vestuário, à alimentação e à habitação».
Até pode ser, mas fico arrepiado só de ouvir falar em Kant e do seu método do "como ser bom para ir para o céu".

Anónimo disse...

A passagem acima transcrita foi retirada da obra " O Crepúsculo do Dever", de Gilles Lipovetsky.

Anónimo disse...

Solvstag, tb tenho o livro.
A título de defesa de Kant, nesse contexto, e para que as pessoas nos entendam, quando Lipovetsky cita Kant, estávamos a falar dum modernismo onde se "encontrou" o dever - fruto da razão - mérito de Kant, que mais tarde foi relegado para o plano do individualismo puro e ausente de dever, clara consequência do séc XIX com a crise da razão e o aparecimento de várias correntes: quase todas as que possa conhecer e que acabam por se reflectir mais tarde em Portugal.
Repare, que passámos dum dever cego a um individualismo revoltado que clamava por direitos a, por sua vez, um neo-individualismo - o nosso, onde já se começa a entender que todos os direitos do mundo pedem deveres. Deveres estes que interiorizados e exercidos conscientemente, se tornam em actos voluntariamente livres. Não há bela sem senão.
Curioso ter arranjado o Crepúsculo, tive que encomendá-lo e demorou-me eternidades a descobri-lo.

Anónimo disse...

Encontrei a 3.ª edição (portuguesa), de Outubro de 2004, das Publicações Dom Quixote.
Quanto a Kant, reafirmo a minha perturbação face aos seus imperativos categóricos. Por outro lado, estou em crer que a citação que Lipovetsky faz do autor não é inocente. Note que no parágrafo seguinte (isto é, no parágrafo que se segue à transcrição feita anteriormente) Lipovetsky escreve o seguinte:
«Da mesma maneira, a sobriedade e a temperança foram exaltadas como mandamentos superiores. Nos manuais escolares, as crianças são convidadas a afastar-se do tabaco, que degrada as faculdades do espírito, enfraquece a vontade, representa dinheiro desperdiçado que pode ser usado de forma útil noutras situações. A intemperança é um dos mais graves atentados que o homem pode fazer à sua dignidade; o bêbado perdeu tudo o que havia em si de humano, é um "ser bestial e repugnate" que se despoja da sua natureza racional e moral, perde todo o domínio de si próprio e degrada, pouco a pouco, todas as suas faculdades. Ligas de moralidade, escola laica, filantropos e higienistas estão de acordo neste ponto: o alcoolismo faz do homem um bruto (...)». A única questão que eu coloco é esta: onde situar Kant? Será um membro das ligas de moralidade, um seguidor da escola laica, um filantropo ou um higienista? Aposto na primeira.

RD disse...

Definitivamente na primeira. Só não colocaria o conceito "ligas", já que Kant não era homem de rebanho nem o pretendeu alguma vez ser.
O seu projecto consistia em ordenar/explicar o processo do conhecimento duma forma racional e que foi assumidamente uma pretensão melógama para entender a acção humana. A sua maior falha foi talvez não considerar o relativismo ético/moral, elegendo a razão como fonte e causa do entendimento e conhecimento humano. Foi com ele que soubemos que há 2 razões, a teórica do pensamento e a prática da acção que se ligam pela imaginação, como explica na sua tardia estética para superar o fosso em que nos tinha deixado nas duas críticas anteriores.
Há que, apesar de Kant parecer um enfadonho moralista, dar-lhe o devido mérito pela sua filosofia edificadora do conhecimento. Contextualizando, estávamos numa época de descrédito onde nada dava sentido à acção humana nem tinhamos padrões por onde nos regular, há muito que a ética da felicidade (1 única razão subdividida: a prática subordinada à teórica), até agora justificação de acção humana, estava pelas horas da morte. Já se percebia que pensar bem não implicava agir bem.

Sem Kant, quais os critérios a usar sem que se soubesse da razão tal como a conhecemos?
Deveremos chamar a Locke, grande liberal, com a sua "Carta sobre a Tolerância" também de moralista porque não se lembrou do relativismo cultural, mas tão só do pluralismo?
Porquê o sentido negativo que se dá a este termo - moralismo? Creio, como diz Lipovetsky algures, que o neo-individualismo, consequência natural dos tempos, não é mau, desde que o agir seja regulado devidamente - e não falo em leis, mas sim em deveres - e, diferentes dos do tempo de Salazar.
Se não acautelada, a liberdade facilmente cai em libertinagem, a tolerância sem limites não encontra o seu lugar pois cai facilmente ou no totalitarismo ou na indiferença. Quais serão então esse limites? Os direitos humanos não bastam porque não são universais e a razão é insuficiente. Fico-me pela linguagem falada, a velha fórmula de Popper que nos distingue, de facto, dos animais, que me parece que aliada à boa vontade e ao conhecimento podem dar bons frutos.
Ainda hoje no Público, lia que se torna imperativo arranjar um organismo que sancione o código deontológico dos jornalistas, e porquê? Porque eles não o cumprem, perderam o sentido de culpa e de dever. Terão que apanhar com esse atestado de infantilidade.
Bom, com isto tudo não quis dar razão a Kant nem a Lipovetsky, quis apenas deixar claro que é necessário contextualizar a informação para que depois tudo faça sentido. Eu gosto de Lipovetsky, admiro a sua acutilância e o seu sentido crítico clarividente porque ele escreve duma forma "manhosa" que nos leva a crer que sim ou que não e depois arremata com algo completamente diferente que nos deixa a pensar desde o ínicio as "certezas" supostamente adquiridas. Sim, Lipovetsky nunca é inocente no que diz.

RD disse...

"Não faças aos outros o que não queres que te façam a ti" como imperativo categórico não me parece nada mau.

Anónimo disse...

Mas é tão válido como "Não invocar o nome de Deus em vão", não é? Haverá uma linha divisória entre as tábuas dos mandamentos e os imperativos categóricos? Não serão os imperativos categóricos uma especificidade face ao Direito Natural? Os costumes, quando encetados na metafísica, não tomarão força de lei, e já não de mero uso com convicção de obrigatoriedade? «(...)fazer, sem ser comandado, aquilo que os outros fazem apenas por medo da lei» não é precisamente a mesma coisa (fim): o cumprimento da lei? Não interessa propriamente o que me move no cumprimento da lei, mas o cumprimento ou acatamento em si mesmo.

Caiê disse...

Parece-me que interessa o que move o ser a cumprir a Lei e não apenas o cumprimento da Lei em si mesmo.
Cumprir uma Lei por receio de ser punido, por exemplo, parece-me absolutamente nulo em termos éticos, visto que se a punição não existisse o indivíduo não se sentiria impelido a seguir o caminho "certo".
A razão é, a meu ver. essencial.

Anónimo disse...

Permita-me que discorde, Caiê.
Estou em crer que, do ponto de vista do positivismo, o que verdadeiramente interessa é o cumprimento da lei (fim em si mesmo) e não as motivações que levam os indivíduos a cumpri-la. Cumprir uma lei com o receio de ser punido, como refere, é tão válido para o legislador e para os aplicadores do Direito (do Direito positivo) como cumprir uma lei por concordância com o seu espírito e com a sua letra. Logo, não me parece que esse cumprimento por receio de ser punido possa ser designado como «absolutamente nulo em termos éticos». Essa valoração que pretende fazer é válida, a meu ver, exactamente em termos contrários, isto é, em termos do não cumprimento da Lei. Explico: para o legislador e para os aplicadores da Lei, a motivação subjacente ao não cumprimento de qualquer norma (isto é, à sua violação) é que relevada ou valorizada, em sentido positivo ou em sentido negativo. Dou-lhe um exemplo a partir do Código Penal português. Certo artigo do Código Penal pune o homicídio, com referência a princípios constitucionais. Todavia, é importante em termos de apuramento de culpa (e não de ilicitude - o homicídio é um acto ilícito, por contrário à ordem penal) a motivação do autor do crime, o que o levou a cometer aquele crime e as condições em que o fez. Tanto assim é que o legislador entendeu punir com menor severidade o homicídio quando praticado sob determinadas circunstâncias. E fê-lo designando-o de homicídio privilegiado.
Outro exemplo, com larga discussão na doutrina, é o do não cumprimento voluntário de uma Lei que, no nosso consciente, consideramos de injusta.
Voltando ao início, julgo que o não cumprimento da Lei pode ser valorado ou não em termos éticos, se quiser, ou seja, pode ser considerado nulo ou não em termos éticos. Quanto ao cumprimento, vale por si mesmo, independente da motivação individual.

Anónimo disse...

De facto, perco uma discussão e pêras. Ironicamente, por razões de raciocínio "positivista" e "jusnaturalista", não tenho tempo para entrar ao barulho.

Mas percebo onde queres chegar HR, e inclino-me para assinar por baixo.

Perdoa-me Rosa, mas que mais podias esperar de um utilitarista?

Abraço.

Anónimo disse...

Fazes bem Paulo, garanto-te que se avançasses com o teu utilitarismo ou positivismo serias arremessado contra a parede sem dó nem piedade, já que a bem ver, justificações "contra" são o que já não faltam desde há muito. (hehe, provocação)

Anónimo disse...

À vontade Carlos, há dias e dias. :)

HR, são validades diferentes. "Não invocar o nome de Deus em vão" remete para o campo da crença, da fé. Há uma linha divisória entre as tábuas dos mandamentos e os imperativos categóricos. Ainda sem entrar no campo da Lei, um imperativo categórico é algo que justifica o acto e apela à razão, um mandamento duma religião é do campo da crença e não necessita de justificação, é portanto, um dogma. Ambos pertecem ao âmbito pessoal e autonómico e não são reguladas por sanções - há desinteresse exterior pelo cumprimento que só deve interessar ao próprio.
A lei já é uma regra que protege o pessoal do social e vice-versa, e sanciona, correcto? E também nela [lei], como o próprio HR teve a simpatia de relembrar, existem "partículas metafísicas", tais como as "motivações" - a não ser que me explique objectivamente uma motivação e a aplique como regra a todos os seres humanos!?
A motivação tal como a intenção não pode ser medida à escala.

«(...)fazer, sem ser comandado, aquilo que os outros fazem apenas por medo da lei» não é precisamente a mesma coisa (fim): o cumprimento da lei? - Respondendo à pergunta, sim, é. É um cumprimento da lei, quase a bem dizer, incondicional, e consequência do conhecimento que traz evolução. E portanto deixa de ser dever para se tornar num acto voluntário, consciente e escolhido por livre-arbítrio. São coisas diferentes.
A lei é o regulamento necessário que não foi conseguido naturalmente pelo homem. Digo eu, pessoa sem cadastro. :)

Anónimo disse...

Em termos éticos interessaria mais a acção humana que voluntariamente cumprisse uma lei, sem saber sequer que ela exista, isto partindo do princípio que todas as leis e acções caminham para o bem comum. Como assim não é, já que nem todos somos bons ou nos preocupamos uns com os outros, estas acções tem que ser reguladas pela lei.
Já dentro da lei, o procedimento correcto é dos que a respeitam, quer a entendam quer não. Para efeitos de sanção, a lei só julga sobre quem não a respeita, já que nunca irá saber a verdadeira intenção humana.

"Parece-me que interessa o que move o ser a cumprir a Lei e não apenas o cumprimento da Lei em si mesmo." - A mim interessa mais isso sim, mas na prática e à lei, aos advogados, interessará mais o cumprimento da lei em si mesmo. Estamos em áreas com preocupações diferentes, apesar da lei ser construída assente em preocupações destas. Supondo que se descobriam as intenções das pessoas, i.e., cientificamente provado, a lei teria obrigatoriamente que mudar.

"Cumprir uma Lei por receio de ser punido, por exemplo, parece-me absolutamente nulo em termos éticos (...)"
: Nulo em termos éticos nunca seria, já que, mesmo quem não compreenda a lei, ao menos a respeita. O respeito pela lei é já de louvar. Ideal seria que a entendessemos porque aderíamos a ela sem sentido de dever.

"visto que se a punição não existisse o indivíduo não se sentiria impelido a seguir o caminho "certo".
: Aqui discordo. A punição existe para os extremos, e acredito em reabilitação. Sem ela [punição], o individuo pode e deve agir bem, não é necessária ou fulcral para indicar o caminho "certo", apenas serve também esse fim.
Repara Caiê, que quem não tenha agido contra a lei até hoje conseguiu interiorizar o principal e não apenas por medo, mas talvez porque concordou com ele.
A razão é também para mim essencial.

HR, "Quanto ao cumprimento, vale por si mesmo, independente da motivação individual." - pelo positivismo claro que sim.
Mas vocês devem ter as motivações em conta, ou não?

Anónimo disse...

RDart, temos (tenho) as motivações em conta quanto ao incumprimento da Lei. Não nos (me) interessam as motivações (altruístas, amedrontadas ou quaisquer outras) que presidem ao acatamento de qualquer normativo. Interessa-me (nos), isso sim, discutir da necessidade, exequibilidade e justiça da Lei, ou do que presidiu à sua feitura. Para o Direito é isto que está em causa. Acho eu.

Anónimo disse...

Claro que sim.
Acha, e acha bem porque ao Direito mais não se pede. Qualquer tipo de motivação e/ou as motivações que possam preceder qualquer contacto com a lei, pertencem a outras áreas (se bem que vos convém estar atentos - e sei que o estão).
O resto é connosco. ;)

Vítor Leal Barros disse...

na fotografia que colocaste pareces a vénus do botticelli...beijoka

RD disse...

:) Lembrei-me de pôr a foto.
Já dá para se perceber que afinal não tenho barba comprida. hihi.

Vitor, já sabes quando vcs vêm?

Bjos.

Anónimo disse...

Mas é que esta está muito mais à frente! Obrigadinho Vitor! ;)

Caiê disse...

"Para o Direito é isso que está em causa." Ah, perdão, eu não sabia que estavam a discutir Direito. Calo-me já, porque de facto não só não é a minha área como não gosto de opinar sobre aquilo que não sei. Eu julgava que falavam de ética. E, nesse caso remoto, importaria a razão pela qual se cumpre a Lei. Abraços. Shalom (já que falamos de Lei, deixem-me acabar com uma saudação da minha cultura!)

RD disse...

Aqui de tudo se parla, e tudo é considerado independentemente da área de cada qual, só se pede que haja "tarelo" (eheh).
Bem sabes que não sou anti-anónimos ou pró-títulos.
Quanto à razão porque se cumpre a lei (ou que há lei) aconselhava-te duma forma meiguinha e a título de iniciação da coisa, se fôr o caso, Rousseau e Hobbes com 2 visões bem distintas da humanidade.
A ética tem um código bem como o direito tem uma ética.
Podemos pensar sobre isso se te apetecer. :)
Uma beijoka.